107. Loucura
Perguntas-me, Aldebarã, por que um
cidadão quer tornar-se presidente de um país. Também achas que a loucura
invadiu as fiações do cérebro de quem pretende impor as próprias ideias, a
pretensa liderança, seu complexo de inferioridade travestido de autoridade?
Ouve-se o ministro dizer, diante de
contestações ou críticas à deterioração da natureza, que é ordem do presidente.
Mais insólito é dar poder ao continente da autoridade inquestionável dando
personalidade ao palácio do governo de turno. A determinação de se fazer ou
desfazer isto ou aquilo, Aldebarã, é do Palácio da Alvorada, do Supremo
Tribunal Federal ou da Suprema Corte. Quem pode contra esses monstros de
concreto armado?
Quem pretende ser a máxima autoridade de um
país, Aldebarã, perde sua liberdade e ameaça a de milhões de subordinados. Ao
aceitarem o insólito poder do príncipe, os súditos abdicam de ser livres.
Quem precisa de um presidente para ser
feliz, abraçar uma árvore, admirar-se do voo das andorinhas ou ouvir o canto
dos pássaros de nossas florestas?
"Para
se ter alguma autoridade sobre os homens, é preciso distinguir-se deles. É por
isso que os magistrados e os padres têm gorros quadrados."
( Voltaire
)
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