sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

BRASÍLIA DA HUMANIDADE

(Foto, Eugênio Giovenardi: Brasília bucólica, SQS 406 Comercial)
Caro Lúcio Costa,
Escrevo-te 30 depois. Brasília continua sendo Patrimônio Cultural da Humanidade. Título sempre festejado e ameaçado.
Há os apaixonados por Brasília que ressaltam a grandiosidade, organização, a tranquilidade, a beleza e a diversidade generosa.
Há os que a detestam, a exploram, a desconfiguram. O teu gênio criativo nos contaminou. Abrimos grandes avenidas, no espírito da monumentalidade, para nossos milhares de automóveis e seus estacionamentos em vez de transporte público. Reduzimos a escala bucólica. Não aguentamos os largos espaços “vazios”. Arrasamos as nascentes e enfrentamos o racionamento de água, outrora cristalina.
Aqueles 500 mil felizardos, previstos para morar na capital do país, multiplicaram a escala residencial para abrigar, hoje, 3 milhões espalhados em 33 subBrasílias. Criamos, com imaginação gregária, a cultura dos puxadinhos.
Caro Lúcio Costa, nada embaça tua genialidade. O Planalto Central embala com orgulho o Patrimônio Cultural da Humanidade.
Mais que prédios, monumentos, ipês floridos, os que recebemos teu impulso criativo – crianças, jovens e velhos – somos o patrimônio humano, afetivo e sentimental de Brasília.

7.12.2017

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