(Foto, Eugênio Giovenardi: Brasília bucólica, SQS 406 Comercial)
Caro Lúcio Costa,
Escrevo-te 30 depois. Brasília continua sendo
Patrimônio Cultural da Humanidade. Título sempre festejado e ameaçado.
Há os apaixonados por Brasília que ressaltam a
grandiosidade, organização, a tranquilidade, a beleza e a diversidade generosa.
Há os que a detestam, a exploram, a
desconfiguram. O teu gênio criativo nos contaminou. Abrimos grandes avenidas,
no espírito da monumentalidade, para nossos milhares de automóveis e seus
estacionamentos em vez de transporte público. Reduzimos a escala bucólica. Não aguentamos
os largos espaços “vazios”. Arrasamos as nascentes e enfrentamos o racionamento
de água, outrora cristalina.
Aqueles 500 mil felizardos, previstos para
morar na capital do país, multiplicaram a escala residencial para abrigar,
hoje, 3 milhões espalhados em 33 subBrasílias. Criamos, com imaginação gregária,
a cultura dos puxadinhos.
Caro Lúcio Costa, nada embaça tua
genialidade. O Planalto Central embala com orgulho o Patrimônio Cultural da
Humanidade.
Mais que prédios, monumentos, ipês floridos,
os que recebemos teu impulso criativo – crianças, jovens e velhos – somos o
patrimônio humano, afetivo e sentimental de Brasília.
7.12.2017
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