Informações
da Caesb indicam que a vazão disponível de água para o uso dos brasilienses é
de 9,5 m3 por segundo ou ao redor de 782.080.000 litros por dia. Ao se aplicar a
simples aritmética da água e relacionar com o aumento da população no DF
chega-se aos resultados que seguem. Vamos calcular a reposição de água no
organismo humano de 3 litros por dia.
No
ano 1970, a população do DF era de 537.000 e consumia por dia 1,601 milhão de
litros, 0,20% da vazão diária.
No
ano 2000, a população do DF era de 1.927.800 e já consumia, por dia, 0,24% da
vazão.
No
ano 2010, a população era de 2.086.700 e consumia 0,26%.
Em
2017, a população de 3.000.000 consome 0,34% da água diária disponível no DF,
apenas com a reposição de 3 litros no organismo.
Se
aplicarmos a aritmética da água ao volume mínimo de consumo recomendado pela OMS
de 110 litros diários, no ano 2000 a população consumia 2,7% da disponibilidade
diária; em 2010, 2,9% e, em 2017, estamos dobrando o consumo estritamente
pessoal, por dia, 4,2% da vazão estimada. A população cresce, a urbanização se
expande e com elas a diversidade do uso da água para o lazer, a produção de
alimentos, a indústria e comércio, a limpeza urbana causando a impermeabilização
de grandes áreas. O fato concreto da diminuição das águas é fisicamente
revelado pelo nível das represas.
Construíram-se
reservatórios ignorando a preservação dos mananciais. Contou-se passivamente com
as chuvas abundantes que o DF recebia em décadas passadas. Agora, temos chuvas
irregulares e menos abundantes. E, o que é vergonhoso, não podemos contar com
nossos antigos mananciais descritos pela Missão Cruls nem com nossos humildes e
velhos córregos. Hoje, humildemente, dependemos das chuvas e das mudanças climáticas
que as regulam.
A
transição hídrica se faz necessária: da escassez à sobrevivência. Da produção
agrícola fartamente irrigada a culturas poupadoras de água. Da urbanização
arrasadora de nascentes à contenção da avidez dos lucros imobiliários. Da
economia capitalista e do crescimento a qualquer custo à economia humana e
ecológica. Governar é administrar populações, prestar-lhes serviços essenciais,
preservar a biodiversidade e respeitar os limites dos ecossistemas.
De
onde vem essa estranheza de escassez de água no DF?
Por
que essa indignação contra o racionamento? O controle do uso da água é tarefa
pessoal monitorada pela consciência do cidadão. Nem Caesb nem Adasa controlam o
uso da água. Somos todos responsáveis, os eleitos e os eleitores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário