(Nascente Água Azul, Sítio das Neves, DF, Foto: Eugênio Giovenardi)
O
Lago Paranoá recolhe as águas da extensa bacia que lhe dá o nome. É formado por
dezenas de córregos que vinham dar, antes da construção de Brasília, ao rio
Paranoá que descia pela cratera formada há milênios. O Ribeirão Santa Maria, os
córregos Vargem Grande, Milho Cozido e Três Barras formam o lago Santa Maria,
inserido no Parque Nacional de Brasília, área de 101 km2 com capacidade
de armazenamento de 58 milhões de m3 , 45,7 milhões de m3
de volume útil e vazão de 1,26 m3/s. Esse conjunto de águas se une
aos córregos Bananal, Torto, Riacho Fundo, Gama, Urubu-Sagui, Palha, Jerivá,
Taquari, Vicente Pires, Guará, Águas Claras, Cabeça de Veado, tributários do
Rio Paranoá e constituem o Lago Paranoá, com 510 milhões de m3 de água
acumulada, 38 milhões de m2 de extensão (3.800 ha), 38 m de profundidade, com
média de 13m, e perímetro de 80 km. (Geração máxima de 30 MW/hora de energia, um
MW = 1.000 KW x 5.760 litros por KW gerado. Hoje, reduzida para 13 MW/hora ou 13.000 KW/h =
74.880.000/l/hora). Um dos principais tributários do Lago, com chuva ou sem
chuva, são as torneiras de nossas casas que, de todos os quadrantes, despejam nele
mais de 1 bilhão de litros/dia de água suja. Tirar água do Lago Paranoá para
alimentar nossas torneiras não significa aumentar o volume de água da Bacia do
Paranoá. O que pode aumentar o volume de água, ao lado da captação de águas
das chuvas periódicas, é proteger as nascentes e aumentar as margens ciliares dos
cursos de água, acima mencionados, que contribuem para a formação do Lago
Paranoá. Quase todos esses córregos estão agonizando e despejam águas poluídas
no Lago. A ocupação desrespeitosa das margens de recarga, a urbanização
impiedosa, a impermeabilização desastrosa, as queimadas mortíferas, o lixo
disseminado ao longo de rodovias, a poluição do ar provocada pelo tráfego de
milhões de automóveis é a receita eficaz da escassez de água do Distrito
Federal. Desprezam-se os princípios básicos da gestão das águas. Há que se
conhecer e acompanhar os índices de vazão de cada nascente e de cada córrego
para tomar as medidas oportunas que garantam a saúde do bioma e de seus
habitantes. As nascentes do meu Sítio das Neves, DF, mantêm vazão de 30 m3/dia
durante o período seco graças à preservação da extensa vegetação nativa e
original com 60 milhões de anos de experiência e sabedoria. Antes de Brasília,
todos esses cursos d’água eram saudáveis. A bacia do Paranoá foi a inspiradora
da construção da nova capital do país.
Publicado no Facebook em 3.10.2017
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