terça-feira, 5 de julho de 2016

DISCUSSÕES SOBRE ÁGUA



Tenho participado de debates e propostas sobre o consumo de água no DF promovidos por organismos públicos – Adasa, ANA, Sema, Ibram, Segeth, Caesb, MMA, Ibama. Iniciativas necessárias em vista da escassez de água no DF e do aumento da população urbana e rural num montante de 65.000 novos habitantes por ano. É como se uma Vicente Pires surgisse a cada ano. Caos administrativo.
O número de poços artesianos cresceu desmesuradamente. A perfuração desses poços não tem controle adequado. A Adasa contabiliza mais de 30 mil poços, dois terços deles sem autorização de funcionamento. Poço artesiano esgota nascentes.
O período de estiagem no DF, que vai de maio a outubro, é o tempo adequado para que a população e os órgãos públicos se preparem para não só receber, como e especialmente para captar e reter as águas da chuva no campo e na cidade. Como todos sabem, os países tropicais não contam com geleiras nem com neves. Nossa única fonte de recarga das nascentes, dos rios e aquíferos subterrâneos é a chuva. Estranhamente, a captação das águas da chuva não entra nessas discussões, nem há propostas concretas para que isto aconteça.
As árvores são a primeira barragem de captação e detenção das águas da chuva. A maioria das cidades satélites está nua de árvores e coberta de asfalto. Duas condições eficazes para impedir a captação de água, levar lixo e sedimentos aos córregos e, por falta de escoamento tubular, invadir casas e causar mortes. A captação de água em edifícios e em poços subterrâneos nas cidades, a exemplo do Japão, deveria ser prioridade para os administradores, engenheiros, arquitetos e urbanistas.
A captação de águas pluviais no meio rural é um tema desconhecido. Há, relativamente à água, duas formas de agricultura: as grandes plantações que consomem muita água subterrânea e a pequena produção que não pratica os mais rudimentares artifícios para captar suficiente volume de água para suas necessidades.
Neste período de estiagem de seis meses, enquanto muitas espécies vegetais se despem de folhas e economizam água, a espécie humana urbana e rural – homo sapiens – consome irracionalmente.

(amanhã, Aritmética da água)

Nenhum comentário: