INUNDAÇÕES EM BRASÍLIA
O esgotamento das águas da chuva é uma das partes essenciais de um projeto urbanístico, especialmente num país tropical. O regime de chuvas do Centro Oeste tem peculiaridades conhecidas há mais de 500 anos, pelas populações originárias. Não foram consultadas. Essa lacuna nas informações meteorológicas e climáticas contribuiu para a ausência de canais eficazes de esgotamento no projeto original de Brasília, cidade-parque. Nem foi introduzido mais tarde, durante a construção, por projetistas, urbanistas, engenheiros e administradores de turno. Remendos, aqui e ali, não surtiram os efeitos estruturais. Brasília conviverá com secas, calor continuado e inundações arrasadoras auxiliadas por bueiros entupidos, edifícios inundados. Lixo depositado por usuários das vias do Distrito Federal, às margens malcuidadas de rodovias, garante a disseminação do mosquito da dengue. As pragas bíblicas se multiplicam no Cerrado, protegidas por capins invasores, águas mortas acumuladas, mas vivas de doenças potenciais. Estamos diante de uma batalha administrativa perdida, com algumas soluções elitistas ou com implantação de próteses paliativas. Esgotou-se a inteligência urbanística! As sábias propostas esperadas para uma comunidade humana não cabem em nossa realidade brasiliense, onde a milionária frota de carros individuais comanda a precária imaginação dos administradores da coisa pública.
Imagem: Lixo às margens da BR 060, km 26, sob os cuidados da Concessionaria Triunfo/ ANTT. (Foto Eugênio Giovenardi).
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