CARTAS DA PRISÃO
BIODIVERSIDADE
Amigos, não sou biólogo, nem
infectologista, nem virologista. Apenas ecossociólogo
e escritor plebeu. Observo, há cinco décadas, o comportamento dos seres vivos
do planeta. Aprendi nos velhos bancos escolares da natureza que, há milhões de
anos, ela estabeleceu, como - primeiro mandamento, a
biodiversidade; - segundo mandamento, a interdependência de todos os seres
vivos; - terceiro mandamento, o
ecossistema adequado para viver; - quarto mandamento, a luta dos seres
vivos pela sobrevivência e reprodução; - quinto mandamento, os seres vivos
se alimentam de outras vidas; - sexto mandamento, um sistema de predação
para controlar a reprodução das vidas e os conflitos da interdependência.
Entre 2019/2020, um vírus
novo está se manifestando entre nós. É um ser vivo. Faz parte da biodiversidade
e da interdependência. Uma ou mais espécies vivas podem ter bulido com ele.
Ele, então, luta pela própria vida. Defende-se de possível agressão. Nessa
defesa, ele busca uma vida para se alimentar, sobreviver e reproduzir. A
espécie humana não tem nacionalidade. Pertence ao planeta e à biodiversidade. O
vírus encontrou nela um habitat acolhedor. É provável que, para se alimentar de
outras vidas, a espécie humana tenha rompido, em algum ponto, o equilíbrio do
sistema de interdependência dos seres vivos. A natureza acionou o sexto
mandamento e um guarda universal agiu para proteger e recompor a
interdependência e a biodiversidade. A revolução da espécie humana no âmbito da
biodiversidade provocou uma contrarrevolução. Desta vez, o líder
contrarrevolucionário se chama Covid19. O armistício será longo e doloroso. A
reconstrução da paz entre os seres vivos requer uma nova engenharia e uma nova
arquitetura com novos engenheiros e novos arquitetos. Uma nova engenharia da
regeneração da biodiversidade.
23.6.2020
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