quarta-feira, 31 de outubro de 2018

MINISTÉRIO DA NATUREZA


MINISTÉRIO DA NATUREZA


Por que não reunir, num só ministério, Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente? Denominar-se-ia Ministério da Natureza e População.

Nenhum desses três ministérios existentes (2015) se preocupa com a expansão da população e sua localização nos espaços possíveis de serem ocupados. População, em geral, se confunde com consumidores, contribuintes e usuários de serviços essenciais à sobrevivência.
Para esses ministérios e institutos de pesquisa e estatística, o crescimento da população é uma fatalidade regida pela evolução, urbanização, educação e apropriação da riqueza produzida.
Aceita-se, com alívio, a informação de que a taxa média de fertilidade tenha passado de 4 a 1,9%. Reduziu-se a média nacional de filhos por família. Hoje, e por muitos anos, o crescimento da população pobre é e será maior do que a população rica pelo simples fato de que há maior número de pobres do que de ricos no Brasil.
O Ministério da Agricultura e o de Desenvolvimento Rural não dão atenção devida à água e ao meio ambiente. O desperdício de água com irrigação nas grandes culturas é fantástico. A escassez de água nas pequenas propriedades e assentamentos rurais é desanimadora.
Os pedagogos e técnicos de programação escolar inventaram uma palavra que é usada entre os distintos ministérios: a transversalidade. Água, desmatamento, queimadas, agrotóxicos são elementos integrantes do processo produtivo, da ocupação do espaço rural e urbano e da regeneração da riqueza natural para uso comum da população. A água não é transversal à produção agrícola. Faz parte dela.
A transversalidade se torna inócua na tarefa do técnico agrícola que tem metas a cumprir e que são determinadas pela empresa onde trabalha. O respeito à natureza, a contenção das águas da chuva não figuram nas prioridades de quem recebeu incumbência de aumentar a produção e a produtividade ou distribuir sementes transgênicas e adubos químicos.
Esses ministérios são três rodas soltas. É preciso juntá-las ao mesmo eixo e fazê-las rodar juntas. Um só ministério: Natureza e População é salto qualitativo para um choque de gestão. É pensar para daqui a 50 anos.
Só a população que habita a bacia do Paranaíba, na qual se inclui o Distrito Federal, é, hoje, de oito milhões de habitantes. Será, no ano 2020, segundo estimativas, de 18 milhões. Se as dificuldades de acesso à água são difíceis na hora atual, como serão no ano 2020?
Os processos de educação ambiental são lentos e refreados pela obsessão do crescimento acelerado a qualquer custo. Continuaremos a produzir lixo em grande quantidade e jogá-lo no mato; a intensificar a poluição ambiental e a destruição da natureza com milhares de carros rodando pelas estradas.
Precisamos produzir alimentos, respeitando os limites da natureza, na medida das necessidades da população. É o homem que deve se adequar à natureza, não o contrário. A natureza não precisa da gente. Nós é que precisamos dela.

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