O paradigma tradicional do discurso de vitória de um
candidato a Presidente da república, no Brasil, mudou com a chegada do Cap.
Jair Bolsonaro. A pátria se transformou, por instantes, em templo de oração.
Deus, empurrado para a refrega política, tomará as rédeas do poder. Inspirará o
governante para tomar as decisões baseadas na verdade?
A verdade é única, tranquilizante e libertadora. Tem
luz própria. Quem pode revelá-la senão ela mesma? A verdade não tem dono. Não existe
a grande verdade. As pessoas percebem de forma diferente os fatos e as
realidades. A pergunta de Pôncio Pilatos ao condenado – O que é a verdade? – está ainda parada no ar e o deixou sem
reposta:
A verdade navega no oceano do essencial. Uma rosa é
uma rosa. Pela cor, pelo perfume, tamanho, composição orgânica a rosa distingue-se
do cravo, embora ambos sejam compostos de elementos comuns: hidrogênio e
carbono.
Pela capacidade de associar informações captadas
pelos sentidos, transformá-las em pensamentos e sentimentos, expressá-las pela
palavra, o ser humano navega conscientemente no oceano profundo da verdade que
o leva, supostamente, para algum lugar.
É diversa e plural nos seres humanos a forma
existencial de navegar para chegar a algum destino nem sempre claro. O homo sapiens difere da girafa, embora a
composição orgânica de hidrogênio e carbono seja a mesma nesses seres. A verdade
da girafa está na percepção da sobrevivência física. A da espécie humana, na sobrevivência
cultural.
O caleidoscópio cerebral humano oferece uma
pluralidade de imagens simultâneas que podem confundir as pessoas na hora de
afirmar qual é a verdade refletida na mente em formas diversas e
impressionantes.
Qual será a verdade econômica para cada um dos 210
milhões de brasileiros?
Se puserem a verdade religiosa no caleidoscópio
cerebral, aparecerão figuras como o Cristo
no Juízo Final de Michelangelo ou o Inferno
dos pecadores de Bosch.
Na área da verdade ecológica, as dissenções se
originam do desconhecimento generalizado dos efeitos da ação humana em desacordo
com as leis da natureza. As leis físicas funcionam dia e noite e não dependem
da burocracia humana.
Bilhões de anos deram ao universo seu modus circulandi. Estamos rodando no
espaço indefinidamente, sem hora para chegar ao destino final que ainda não foi
anunciado. Navegar é preciso!
Na verdade não há nós ou eles. Há ela!
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