sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

POR QUE OUSO DIZER




Cedo ao impulso de dizer, sem presunção, que dediquei mais de quarenta anos à preservação da vida vegetal e animal, do ambiente e das águas, na biocomunidade do Sítio das Neves, área de cerrado no Planalto Central.
Quem e quantos, no Distrito Federal e no Brasil, realizam ações concretas que propiciem a regeneração de um bioma ou parte dele?
Quem e quantos desenvolveram um sistema planejado de recuperação de áreas degradadas com proteção de espécies nativas originais?
Quem e quantos se preocupam com a captação de águas da chuva para recarga dos aquíferos e fortalecimento de nascentes, numa bacia hídrica integral, com barragens em todos os canais de esgotamento?
Quem e quantos podem exibir resultados ao longo de 40 anos? Alegro-me de ser um deles.
Infelizmente, não possuo informações sobre tantos ecologistas que, como eu, compreenderam os equívocos do crescimento econômico destruidor da natureza. Gostaria de nominá-los para me alegrar com sua presença quase invisível e silenciosa.
Sei que há bons exemplos nos quintais urbanos de paisagismo e cuidados para integração de fauna e flora. Que há estímulos do governo para pequenos grupos de agricultores, estimulando-os a gastar menos água no processo produtivo, depois de verem esgotadas as nascentes e a terra.
Quem do PV ou ONGs ambientais têm projetos ou planos ou programas em desenvolvimento que sejam rumos a seguir?
Ibama, Fundação Chico Mendes, Ibram, Sema, Ministério do Meio Ambiente, além de atos políticos e legais, quais iniciativas poderiam indicar como exemplo possível de somar-se aos que se dedicam à proteção ambiental? Ou chegaremos sempre depois que a lama e as inundações aumentam a indignação e a tristeza dos vivos ou o lamento pelos mortos?
O Sítio das Neves, no Distrito Federal, é uma iniciativa cidadã, particular, sem ajuda do erário público nem da orientação governamental. É um investimento para o futuro ambiental do Planalto Central.
Meu trabalho garante 700.000 litros de água diária, à noite, , graças ao orvalho que se acumula sobre a vegetação do Sítio.
Liberei estes 70 hectares, pouco mais de um milésimo da área do DF, da especulação imobiliária e do primitivo e irracional processo de produção de alimentos.
Garanto água limpa e abundante, que brota de nascentes e alimenta córregos para as próximas décadas, se as queimadas, os poços tubulares ou artesianos não esgotarem os aquíferos da região.
Tenho a oferecer uma universidade vegetal a estudiosos, a amantes da natureza, a cidadãos que desejam preservar o que temos de essencial no país: árvores e água.
Passados quarenta anos de experiência e atos de preservação, posso, com segurança, aconselhar governos a criarem milhões de empregos verdes ao longo de rios, ao redor de mananciais e às margens de milhares de quilômetros de rodovias para proteger mais de 500 cidades anualmente vítimas de alagamentos.


12.7.2014

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