Penso que haja distintas ditaduras em andamento que atuam fortemente
sobre o pensamento e a emoção das pessoas. Todas ditam e impõem e, com
sarcasmo, dizem que há liberdade para dizer e fazer: você faz porque quer.
As mais flagrantes são jornais, rádio, TV, câmaras legislativas,
congresso, ministros, secretários, presidentes da República com suas Medidas
Provisórias.
Uma das características da democracia é a farsa do processo eleitoral obrigatório
que acontece de tempos em tempos, dominado pelas distintas ditaduras, acrescias
por modelos pseudocientíficos de pesquisas eleitorais.
No Brasil (Cuba, ex-União Soviética, Chile) houve eleições oficiais durante
as respectivas ditaduras. Eleição pode conviver com ditadura, não é?
A maior parte das decisões, em qualquer ramo da atividade econômica ou
política é imposta por um grupelho de iluminados. Hoje, uns. Amanhã, outros.
Ao cidadão cabe ouvir, comentar, rir, contestar, manifestar-se. Não decidir.
Às vezes, quando dois grupos se enfrentam, capital e trabalho, por exemplo, os
mais fracos sempre perdem na certeza de que ganharam. Nesse caso, a ditadura
dos donos do capital se impõe. O poder da grande fortuna acumulada pelo
trabalho em nada é afetado pela concessão de parte do que foi reclamado.
Ouve-se diariamente que vivemos numa democracia, que há liberdade de
imprensa, de ir e vir, de ter propriedade privada sem limites, que há eleições,
câmaras legislativas e outras facilidades.
Na verdade vive-se numa ditadura econômica, administrava e política.
Como assim? Então, quem decide os preços dos alimentos, dos medicamentos, das
consultas médicas, dos seguros, das dezenas de impostos municipais, estaduais e
federais, das passagens do transporte privado e público, dos combustíveis e
outros itens do dia a dia?
Na verdade, vivemos numa democracia porque podemos ouvir sandices diárias
de iluminados, rir, comentar à mesa de bar, indignar-se, manifestar-se em plena
rua e eleger ditadores. A democracia só não nos permite decidir.
Somos livres e felizes rodeados de vulgares e pífios ditadores, do síndico
do bloco ao presidente da República.
Alguém dirá: se não houvesse democracia você não escreveria isso. É possível
que não, mas pensaria. A liberdade não está no regime. Está no cérebro
Felizmente, o cérebro me permite rir de nossa democracia que vive com
eterna saudade da ditadura.
É o momento de todos gritarmos em uníssono:
CHEGA DE SAUDADE!
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