quarta-feira, 22 de setembro de 2010

QUEIMADAS

Os eufemismos tomaram conta do país. Caixa dois é recurso não contabilizado. Corrupção, nepotismo, mensalão, chantagem, extorsão, suborno, tráfico de influência são atos humanitários aos companheiros de partido infensos às sanções da lei. Focos de calor é a nova expressão para incêndios provocados por criminosos ou irresponsáveis.
Em 2009, houve 2.063 ocorrências, no Distrito Federal, com a destruição de 3.700 hectares. Em 2010, até setembro, 2.686, e a queima de 17.600 hectares.
Tudo isto acontece todos os anos, nos mesmos locais, com a mesma gente vivendo nas cercanias. Todos os anos os jornais e a TV mostram essa hecatombe incendiária produzida pela ignorância, pela irresponsabilidade do cidadão, lamentada pela burocracia ineficiente, ignorada pela máquina administrativa irracional.
No IBAMA, dizem que não há recursos para prevenir nem debelar incêndios no DF. Nem podem com a Amazônia e com o Cerrado.
No Ibram, o Diretor Presidente afirma que não há funcionários para fiscalizar invasões de áreas, depósitos de lixo à beira das estradas, nem prevenir ou debelar incêndios.
O Corpo de Bombeiros, informa o Correio Braziliense, não têm equipamentos adequados, carros, caminhões, aviões e helicópteros para enfrentar catástrofes como a recente queima de 10.000 hectares no Parque Nacional de Brasília.
O que é isso? Em que país estamos? Por quem somos governados? A indignação não tem mais espaço para se expandir.
Que significa a queima de 10 mil hectares de floresta?
Um. Perda da umidade do ar e aumento da evaporação.
Dois. Aprofundamento das águas subterrâneas, secagem de nascentes e córregos.
Três. Redução da capacidade de retenção das águas da chuva. Escoamento rápido das águas. Fraca infiltração no solo endurecido comprometendo a recarga dos aquíferos. Assoreamento dos rios.
Quatro. Morte de milhares de plantas, árvores e flores que contêm milhares de metros cúbicos de água necessários ao equilíbrio ecológico e à qualidade do ambiente para a vida.
Cinco. Desaparição de milhões de insetos, aves, bichos, animais de pequeno e médio porte, rompendo-se a cadeia de interdependência dos organismos vivos.
Seis. Aquecimento da atmosfera, intoxicação generalizada pelo dióxido de carbono, desconforto orgânico e morte de pessoas e animais afetados pelo ar corrompido que se respira.
Os funcionários de departamentos do governo, responsáveis pelo ambiente parece que não aprenderam a planejar a prevenção desses desastres provocados pela irresponsabilidade dos cidadãos. Todos sabem que, a partir do mês de abril, começam as queimadas no Centro-Oeste.
Por que não se criam brigadas temporárias com a participação de ong’s ambientalistas e associações comunitárias para prevenir incêndios?
Por que não se inclui no orçamento anual do governo distrital verba suficiente para subsidiar essas brigadas educativas, equipadas com meios para emergências?
Por que não se estimula, no período da longa estiagem, maior participação das comunidades próximas aos pontos de risco já conhecidos por sua repetição recorrente?

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