A VIRADA
Eugênio
Giovenardi
Sou sociólogo.
Cinquenta anos de minha vida profissional
foram e são dedicados a acompanhar o desenvolvimento de associações rurais de
produção de alimentos, o aprimoramento da consciência ambiental dos produtores
rurais e alertar sobre o impacto dessa atividade nos ecossistemas em algumas
regiões do país.
Estas considerações expressam minhas
convicções, críticas e desejos propositivos para uma necessária virada de
atitudes e comportamentos, baseada no conhecimento das leis da natureza e da auto-organização
dos ecossistemas. Trata-se de uma nova atitude cultural orientada à bioeconomia,
para buscar meios adequados à sobrevivência da espécie humana, em interação e
interdependência com todos os seres vivos do planeta e assegurar a regeneração
dos ecossistemas hospedeiros.
A organização social e política do Brasil,
em harmonia com todos os demais países, independentemente de ideologias e em
respeito às diferenças culturais, diante de uma vertiginosa pandemia, poderá
aproveitar o momento para promover uma virada humana.
O cenário político brasileiro se apresenta
confuso, conflitante e com indecisas perspectivas de mudanças sensatas nos
próximos anos. Um generoso pacto de diálogo institucional e comunitário poderá
encontrar os caminhos da virada.
Grupos políticos, no Brasil de hoje, atuam
nas esferas da justiça contra a corrupção seletiva, com menos rigor contra os que
detêm cargos da administração pública, congressistas, grandes empresários
sustentados pelos favores da máquina do governo.
Grupos políticos da chamada ala direita
que se denominam liberais, mesclam capitalismo selvagem, liberalismo e neoliberalismo,
orientados pelo dedo invisível do mercado, de bolsas de valores, moedas fortes,
taxas de juro, inflação, rumo à conquista de um PIB exuberante. O adversário
político mais próximo é o grupo de esquerda.
Grupos políticos de esquerda congregam trabalhadores,
sindicalistas, socialistas, comunistas, anarquistas, libertários,
autogestionários, ambientalistas, feministas, diversos grupos contra a
discriminação racial, de culto e de gênero. Cada subgrupo atua com metodologia própria
de ação política local ou regional, com programa maleável. Por vezes, alguns
grupos alimentam relações ambíguas, com ênfase em operações sociais, voltadas
para os marginais da economia, também ditos desfavorecidos.
Grupo denominado Centro, participa, por
conveniência e interesse eleitoral, de programas e políticas de direita e de
esquerda, e operam como sanguessugas da administração pública. Negociam cargos,
junto a empresas do Estado, em troca de apoios ao presidente de turno,
independentemente de políticas públicas.
Esses três grupos se caracterizam por uma
qualidade ou virtude comum: a conquista, a apropriação do poder político,
sacrificando ideias e ideologia, promessas, prioridades, com abandono de seus projetos
outrora tidos como essenciais. A preocupação em busca de objetivos relativos às
funções do Estado, na prática, se manifesta menos nítida e, por vezes,
ignorada. O poder político partidário exercido pelo grupo dirigente eleito se
sobrepõe ao conceito de Estado, cuja função maior é dar atenção às necessidades
vitais e culturais da totalidade da população em seu espaço geográfico.
Os erros e acertos da atuação desses
grupos que, por tempos definidos, administram a burocracia pública, são
deixados em herança aos sucessores democraticamente eleitos. Os erros, por
vezes monstruosos, continuam ativos e alguns se perpetuam no tempo.
O PONTO DE PARTIDA
Os líderes e representantes de todos os
grupos políticos que concorrem para os cargos eletivos se formaram em nossas
escolas e universidades sob a orientação de teorias econômicas clássicas tendo
como eixos conceituais a produção e o consumo de bens, a oferta e a procura, a
acumulação financeira, sujeitos ao humor do mercado, sensível a inúmeros
fatores previsíveis e imprevisíveis que o torna neurótico e esquizofrênico. A
neurastenia e a esquizofrenia contagiam os próprios administradores econômicos.
O discurso político de todos os
representantes dos grupos pretendentes ao poder, além da retórica da
comunicação e do tom demagógico das promessas, aponta planos e programas de
crescimento econômico, desenvolvimento sustentável, geração de empregos,
melhoria da renda e atenção especial à educação, saúde, segurança.
A maior parte dos líderes políticos que
pretendem assumir o comando do país e administrar os planos de produção e
consumo, demonstra escasso conhecimento sobre as leis da natureza, expressas no
funcionamento dos ecossistemas onde a biodiversidade se reproduz. Por
ignorância, agravada por interesses pessoais ou locais, esses representantes de
partidos políticos exploram e esgotam os ecossistemas no afã de conquistar e se
apropriar de bens que, pela natureza das coisas, são comuns a todas as espécies
vivas.
Uma das falhas de grande parte das
lideranças políticas é a escassa familiaridade com o funcionamento dos
ecossistemas onde se alimentam e se reproduzem milhões de espécies vivas que
compõem a biodiversidade. Todas as espécies são sociáveis, interacionam, são
interdependentes e convivem num processo contínuo de reprodução. O homo economicus é parte dessa
biodiversidade no mesmo ecossistema e dele retira o sustento, disponível na
mesa comum a todos os seres vivos. Os ecossistemas não discriminam nem
privilegiam ou concedem direitos especiais às inumeráveis espécies da
biodiversidade que nela se hospedam.
Dada a peculiaridade cerebral da espécie humana,
capaz de intervir no funcionamento e na vida de outras espécies da
biodiversidade, o homo economicus, sem
ser por elas juridicamente incriminado, se assenhora de todos os bens da
natureza oferecidos pelo planeta e lhes dá o destino que melhor lhe convém.
A evolução da espécie humana, desde os
longínquos milênios de sua aparição, dotou-a de energias e capacidades para
aproveitar de forma diversificada os bens utilizáveis para alimentação, defesa
e reprodução, estabelecendo, instintiva e gradualmente, as bases de sua
organização frente à complexa ordem da natureza. A superioridade cerebral o
induziu a criar um ambiente ofensivo diante das forças naturais e, se possível,
sufocar a energia dos ecossistemas que resistissem à sua passagem.
Alio-me ao
entendimento de que o aparecimento de vírus controladores de espécies frágeis
como a humana, aves e suínos, e fenômenos climáticos intensos e incontroláveis,
possam gerar um surto de racionalidade reprodutiva, no qual o princípio da
precaução se imponha, dignificando ainda mais a espécie humana.
Mudar! As mudanças climáticas que afetam
todos os seres vivos, ao longo de bilhões de anos, são fenômenos que determinam
também os comportamentos do homo sapiens
e despertam nele ímpetos de mudança para sobreviver e se reproduzir. A virada
histórica não se fez de forma abrupta, mas ao longo de milênios. O homo sapiente, entre ensaios e erros
concluiu que a natureza aceitava sua interferência e lhe dava certezas de que
podia dominá-la sem riscos de ser autuado em flagrante delito contra a
constituição das leis naturais.
POPULAÇÃO
A capacidade de se adaptar em todas as regiões
do planeta, as mais inóspitas, de coletar, caçar e, depois, produzir, acumular
alimentos e agrupar-se em abrigos seguros para se reproduzir, a população
humana passou dos milhares aos milhões e, hoje, aos bilhões. A expansão
demográfica se fez com o sacrifício dos ecossistemas e da extinção gradativa da
biodiversidade. Florestas foram abatidas, o solo fértil tornou-se árido (a
aridez cobre três quartos das terras emersas do planeta – Atlas Mundial de la desertificación, EU - 2020), a escassez de água
potável, em consequência, atinge países ricos e pobres. Dois bilhões de pessoas
não têm água em suas casas e a busca a grandes distâncias. (PNUD/FAO).
A produção de alimentos, a intensa
urbanização, a industrialização crescente, a poluição de rios, lagos e mares
por produtos químicos, o aparecimento de doenças infecciosas, bactérias e vírus
compõem um quadro de alerta a exigir mudanças de rumo urgente e constante. Como
nunca, o princípio da precaução se impõe para o restabelecimento dos
ecossistemas, da interdependência de todos os seres vivos e da sobrevivência da
frágil espécie humana.
Para os interesses econômicos do sistema
de produção e consumo de nossa época, uma grande população significa imensas
possibilidades de diversificação de interesses, de iniciativas, de
criatividade, de arte e especialmente de consumo da quase infinita variedade de
bens úteis e supérfluos.
Nos modelos econômicos estabelecidos nos
últimos 200 anos, uma das estratégias econômicas para manter o suprimento de
bens de forma constante é garantir estoques reguladores de alimentos e outros
bens de uso diário ou temporário diante da incerteza e medo do futuro. A
espécie humana, entre todos os seres vivos, é a única que se preocupa com essa
incerteza do amanhã. Esta prática e estas reservas armazenadas constituem um
dos empecilhos estruturais à regeneração dos ecossistemas. A virada em direção
à novas atitudes e comportamentos, de sorte a preservar os ecossistemas,
necessariamente se beneficiará com a mudança cultural da espécie humana. Os
“estoques reguladores” pesam sobre as atividades orgânicas da regeneração dos
ecossistemas e estão relacionados ao aumento constante da população e do
consumo diversificado e estimulado, sem atentar para o desperdício de bens
produzidos com sacrifício da natureza, isto é, da própria espécie humana. Por
ironia dos sistemas produtivos, estoca-se em câmaras frigorífica e grandes
silos água evaporada. Armazenam-se erros técnicos e estratégicos para decisões
futuras.
A população é, ao mesmo tempo, fator e
causa do enriquecimento de uma parte dos agentes econômicos, mas também da
indizivel pobreza, miséria e fome de bilhões de pessoas, vítimas da
desigualdade, garantida pela ineficiente organização social e cultural da
espécie humana. Ainda não se deu a devida importância para uma política de
respeito às diferenças. Não é nas semelhanças nem nas desigualdades, mas é nas diferenças
que está nossa igualdade humana.
População é um tema
eivado de melindres econômicos, morais, religiosos e políticos. Uma forma de
tratar o assunto é equilibrar o número de bocas com a quantidade de pão
disponível. O instinto animal faz isso pela lei orgânica implícita na
sobrevivência da espécie. (A fêmea do louva-deus come o macho depois da
fecundação. As cobras não se reproduzem se não encontrarem comida.) O
cérebro humano, diante da escassez e da limitação de bens do planeta pode
encontrar alternativas para o uso racional dos itens disponíveis. Mas há
limites na oferta do planeta. Minha posição ecológica é a de que uma
população humana só pode aumentar até o ponto de equilíbrio. Segundo cálculos
da década de 1970 (population bomb),
o ponto de equilíbrio estaria em 3 bilhões de pessoas. O processo de
regeneração dos ecossistemas seria mais eficaz para repor a oferta utilizada.
Hoje, estima-se que
existam mais de 2 bilhões de pessoas em estado desumano e não há perspectivas
de que sejam atendidas convenientemente, nos próximos 50 anos, pelos modelos
atuais da economia.
Por vezes, decisões antiambientais, destruidoras
de vastos ecossistemas, como o Cerrado e a Amazônia, demonstram
desconhecimento, ausência de propostas racionais, falta de coragem, de compromisso
e solidariedade para proteger a biodiversidade. O menosprezo da ética e do espírito
público alimenta privilégios que deixam no abandono grande parte da população.
O conjunto de políticos, de partidos,
líderes e congressistas representam uma estupenda mediocridade de pensamento
político que o momento de nossa história humana requer. A postura mental de
grande parte da atual classe política, em relação ao diálogo com a natureza,
para estimular a boa convivência da população com os ecossistemas, cuja função
múltipla é preservar a vida em todas as suas formas, é incompreensível. O alvo
generalizado da classe política é a conquista do poder e a demonstração
explícita da autoridade e das leis em seu favor.
Os interesses pessoais de grupos políticos
se confundem com a ideologia, os planos e os programas de seus representantes e
do próprio grupo. Os ajustes, as críticas, as estratégias, os resultados, os
erros são criteriosamente apontados por renomados especialistas econômicos e
analistas políticos de todos os matizes com o objetivo de preservar os
conceitos e as práticas de cada programa partidário. Essas análises,
constantemente veiculadas, são tão precisas quanto às de comentaristas esportivos.
Frente ao atual e grave conflito entre a organização
social da espécie humana e a auto-organização dos ecossistemas há que se impulsionar
a formação de uma consciência de mudança que se proponha a pacificar a
economia, base das relações humanas com a natureza, com os ecossistemas locais,
regionais, nacionais e planetários. Um dos aspectos importantes dessa mudança
será reconhecer e aceitar a contenção rigorosa do crescimento da população
mundial, em face das limitações de oferta de bens do planeta e o risco de
extorquir dele o que ele não poderá dar, mesmo com a utilização da decantada tecnologia
possível de ser empregada.
“Ao mesmo tempo, bilhões
de seres vivos modificam a nebulosidade, a insolação, a temperatura, a
composição química do ar. As árvores fazem baixar as temperaturas e subir as
mínimas; diminuem a velocidade e a turbulência do vento; aumentam a umidade do
ar e conformam solos que retêm mais umidade”. (Edgar Morin, O
método: a natureza da natureza)
A MÃE NATUREZA
Ao longo de milênios, a espécie humana
tornou-se insensível e, por vezes, torturadora da mãe terra. O homo sapiens tem formas, ideias e
aparelhos eficientes para torturar a Terra e fazê-la responder o que não estava
escrito em sua estrutura orgânica. A este sistema de tortura, os analistas,
cientistas e economistas denominam produtividade. Qual é o resultado desse
sistema de tortura produtiva da Terra, tão elogiado por seus atores? Essa
terra, dizem os estatísticos, produzia 1.000 kg de trigo/ha, há dez anos. Com
dez anos de extorsão, de desmatamento, de agrotóxicos, de mutação de sementes,
de inseticidas, de uso de máquinas inclementes, a Terra respondeu com gritos de
horror e terror com decantados cinco mil kg do cereal. Assim, ao lado da
suposta fartura para todos, criaram-se desertos.
Interrompa-se, por 40 ou 50 anos, a
tortura sobre uma área exaurida e o campo, hoje modificado pela produtividade impiedosa
da soja ou da bovinocultura, se tornará o bosque antigo. O olho d’água voltará
a chorar. Os pássaros virão cantar. As árvores limparão o ar. A alegria de
viver iluminará as casas de nossos netos e bisnetos.
Quarenta anos é um tempo de
pousio extraído da experiência pessoal no acompanhamento da regeneração
do ecossistema de uma área degradada de Cerrado, no Distrito Federal. O
ponto de não retorno foi superado entre 30 e 40 anos de pousio e das ajudas à
mãe natureza, especialmente, e principalmente, com a captação e
detenção das águas da chuva por meio da proteção vegetal e de
barreiras de pedra e material ecológico. Alcançou-se deter três quartos do
volume de chuva na área em regeneração.
Para esta pequena área de 700.000
metros quadrados, o tempo se revelou adequado para evitar o ponto de não
retorno. Cada ecossistema, e em cada bioma, diante dos efeitos da longa e
intensa exploração, o tempo será diferente. Carlos Nobre (Amazônia) afirma que,
nesse bioma, o ponto de não retorno já foi superado. Precisaria fechar a
Amazônia para os invasores econômicos e usá-la com a prudência milenar dos
nativos. O tempo de regeneração para o planeta, agora, se estima em séculos.
O RUMO
O rumo da virada política na busca da paz
econômica com os ecossistemas é aprofundar o conhecimento da natureza, de suas
leis, de seu funcionamento, de sua capacidade de regeneração no tempo, para
repor as energias gastas na sustentação da biodiversidade. O tempo da natureza
não é o tempo da economia exploradora dos bens disponíveis.
Há que se aprimorar de forma contínua a
percepção da dialética dos ecossistemas, de sua necessidade de descanso, de
restauração e dar tempo à regeneração orgânica e repor os bens requeridos pelas
espécies vivas. O segredo da regeneração e da oferta de bens está no
inteligente equilíbrio diante da intensidade do uso que a biodiversidade requer.
O conjunto de vidas dos ecossistemas a ser
preservado é imprescindível para todas as espécies e, de modo especial, para a
espécie humana. O controle das decisões será determinado pelo desenho global da
regeneração dos ecossistemas. Não apenas por leis humanas e jurídicas da
organização social, mas por comportamento cultural advindo do conhecimento e do
instinto de sobrevivência de cada espécie.
Quando se menciona o processo imanente de
regeneração da natureza, inclui-se a globalidade dos seres vivos que sugam as
fontes de vida de forma interativa e interdependente, bem como as
individualidades de cada espécie vegetal e animal. Portanto, nesse processo de
regeneração global está incluído o homem, o ser humano, o homo sapiens. É a única individualidade que precisa se comprometer
conscientemente na regeneração cultural frente às vicissitudes de sua
organização social. Todos os seres vivos, a natureza viva, os ecossistemas têm
como elementos físicos essenciais da regeneração a água e o oxigênio.
Não serão o capitalismo, nem o
liberalismo, nem o socialismo, com suas políticas econômicas temporárias, que
hão de determinar as condições de uso e as formas de comportamento cultural para
a apropriação das riquezas comuns do planeta. A principal riqueza do planeta é
a vida. E a manutenção da vida engloba a pluralidade das diferentes espécies: a
biodiversidade. É a natureza, geradora da vida, que dará os limites da
sobrevivência e da reprodução dos seres vivos. A espécie humana não está
excluída desses limites.
PACTO SOLIDÁRIO
O candidato eleito para representar o povo
na administração do Estado poderá ser escolhido entre os componentes do grupo à
direita, à esquerda ou ao centro. Sua liderança teria a força de propor aos
apoiadores, antes de obter a maioria dos votos, um pacto de solidariedade para
conceber uma proposta de governo capaz de interessar medianamente os dirigentes
de todos os estados da federação. Escolhido pelo colégio eleitoral, o eleito proporia
um pacto de solidariedade com governadores, associação de municípios,
organizações associativas, comunitárias, ambientais, empresas econômicas de
diferentes áreas produtivas com o fim de tomar decisões previstas na plataforma
de governo.
Previamente, a plataforma deve ter
despertado o interesse de muitos países e, com certeza, a crítica de outros. A
força da plataforma, com apoio de outros países, deveria dar ao novo presidente
do Brasil a coragem de ir a Davos para dizer, com convicção, aos chefes dos
países reunidos, diante da calamidade econômica do planeta: SENHORES, ESTAMOS
ERRADOS!
O ponto, o alvo desse grito, respeitadas
as diferenças culturais, será a desigualdade entre países e, em todos os
países, entre regiões e grupos que enfrentam a pobreza, a miséria, a exclusão.
Quando não se aceitam as diferenças e os diferentes, os comportamentos
tendem a tratar os países e as pessoas diferentes de maneira desigual. A
desigualdade socioespacial é uma consequência que se origina da mesma causa. A causa da
desigualdade é não dar aos diferentes as mesmas oportunidades de ser o que eles
essencialmente são. Seremos essencialmente iguais, quando preservadas as
diferenças biológicas e culturais.
A decisão sobre os primeiros passos na
direção de uma nova economia ecológica – a bioeconomia – será baseada,
fundamentalmente, no conhecimento mais amplo e profundo das leis básicas dos
ecossistemas nas diferentes regiões de cada país. As estratégias de ação devem
dirigir-se diretamente, e com sua participação, aos que vivem e usam diretamente
os benefícios desses ambientes: na agricultura (controle das águas e
florestas), na urbanização (habitação, mobilidade, controle do lixo seco e
líquido), na industrialização, transformação e distribuição dos bens produzidos.
O estímulo à geração de novos empreendimentos apontaria para aprofundar os
conhecimentos científicos sobre a natureza, a saúde ambiental para todos os
seres vivos, e o uso ecológico dos bens disponíveis e escassos do planeta.
Um dos esteios essenciais desta plataforma
é a educação para a virada econômica, desde a creche até a pós-graduação,
orientada para o conhecimento dos ecossistemas, o uso dos bens limitados e o
tempo necessário à regeneração das áreas ocupadas, trabalhadas e habitadas.
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FONTES DE APOIO
Abramovay, Ricardo, Amazônia – Por uma economia do conhecimento da
natureza, 2020.
Morello,T. Desmatamento e desenvolvimento, Brasília, 2019.
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Reinach, F. Engenharia ecológica chinesa, SP, 2018.
Porto Gonçálves, Carlos W. Os (des)caminhos do meio ambiente,
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Wahl, Daniel C. Design de culturas regenerativas. Bambual, Brasília, 2019.
Morin, Edgar, O enigma do Homem, Zahar, Rio de Janeiro, 1979.
SANTOS, M. O Espaço dividido, edusp, São Pualo, 2008
23.3.2021
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