NEGAVIRUS/19
Manifestou-se, em 2019, no ambiente brasileiro, um vírus político que resiste a todas as medidas científicas de controle para evitar o contágio das instituições em vigor. O Negavírus/19 se revela por frases de efeitos, bravatas soltas, espasmos culturais, desprezos provocativos, cansaço institucional, canetaços quixotescos.
O vírus se caracteriza pela negação da realidade. É a principal atitude que permite detectar sua presença e seu comportamento nas relações de convivência pública. Negar é preciso.
Não há pandemia no Brasil. A contaminação de milhões de pessoas pela gripe letal Sars2 é uma gripezinha que, até o momento, sacrificou apenas 181.000 cidadãos, que afinal, se escusa o Negavírus, um dia teriam que morrer.
Não há racismo no Brasil, apenas tensões sociais e injúrias raciais.
Não há negros, apenas brasileiros de cor verdade-amarelo.
Não há racismo, apenas discriminação de pobres, desempregados, gente de cor.
Não há corrupção no governo, apenas incompetência, leilão de cargos bem-pagos, desvios milionários, processos negociados.
Não há desmatamento na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica, apenas corte de arvores para a passagem da boiada, plantio da soja e exploração de minérios.
Não há queimadas na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, apenas alguns focos de calor.
Não há país no mundo que trate tão bem as florestas como o Brasil.
Não são os grileiros de terras públicas que incendeiam a Amazônia, são os índios e os pequenos agricultores.
Não houve apagão no Amapá, apenas um sinistro elétrico.
Não são confiáveis as urnas eletrônicas por alterarem votos. fraudar os eleitores e a esperança dos candidatos.
Não são as empresas brasileiras que compram ilegalmente quatro quintos da madeira ilegalmente serrada por madeireiros.
Não há vacina infelizmente para o negavírus. E, se porventura fosse oferecido pelo generalato que comanda a guerra contra o vírus, ninguém pode obrigar o contaminado a tomá-la em nome da liberdade e da democracia.
O coronavírus é uma questão de saúde física e mental e não de liberdade. A ignorância cobra mais caro do que a educação.
26.11.2020
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