quarta-feira, 27 de agosto de 2025

POÍTICA AMBIENTAL

 POÍTICA AMBIENTAL

Anuncia-se que o Brasil tem a melhor e mais acabada lei ambiental comparada com a de outros países. Não temos, no entanto, uma política ambiental sistêmica orientada a integrar o funcionamento de todos os biomas de Sul a Norte, de Leste a Oeste do território nacional.
A natureza é um sistema auto-organizado e seus elementos são interdependentes. Os biomas e seus múltiplos ecossistemas dialogam, se comunicam, intercambiam e compartilham virtudes e energias entre si, em benefício de toda a biodiversidade. Os biomas alimentam a teia da vida.
A construção de uma política ambiental inteligente para o Brasil, no contexto global latino-americano, buscará a conjunção de virtudes e ofertas diversificadas dos diferentes biomas. Suas energias reparam as deficiências mútuas e complementam as condições de sobrevivência, reprodução e adaptação da biodiversidade neles, como as aves migratórias. É impressionante e admirável a ocupação de todos os Continentes do planeta pela espécie humana e de outras não humanas.
No espaço geográfico do Brasil, os diferentes biomas e respectivos ecossistemas ─ Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Caatinga, Pampas ─ embora diversificados e com regimes de estações e chuvas próprias de sua localização, eles se comunicam pelo funcionamento constante dos elementos essenciais da natureza: solo contínuo, águas superficiais e subterrâneas, ar e temperaturas cambiantes. A administração da política ambiental inteligente obedece à intercomunicação das ofertas dos diferentes biomas. A ocupação e a utilização das virtudes do bioma amazônico, se refletem sobre o uso de outros biomas. Rompendo a intercomunicação dos diferentes biomas, por ignorância ou incapacidade, todo o sistema ambiental entra em situação caótica.
A desertificação de um espaço geográfico, por força das atividades humanas e, por consequência, a alteração da fisionomia explicita do planeta, não acontece de forma imprevista. No campo da produção de alimentos e de itens da industrialização ou da crescente urbanização do planeta, a desertificação de um ambiente acontece de forma planejada, de acordo com os interesses, necessidades e conveniências da espécie humana.
Os fenômenos físicos não são planejados. Produzem-se por impulsos incontroláveis das leis físicas e podem agravar as condições do meio modificado em que vivem seres humanos e não humanos. As denominadas catástrofes ambientais ou ecológicas se referem aos efeitos produzidos sobre toda a biodiversidade vegetal e animal com ênfase na espécie humana.
Canela-de-Ema, arbusto pré-histórico, vive em diferentes biomas. Abundantes no Sítio Neves, Cerrado do Distrito Federal. (Foto: Eugenio Giovenardi)

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

EXPORTANDO O BRASIL

 EXPORTANDO O BRASIL

(Publicado no Facebook)
Em 500 anos, com eficiência, empurramos os habitantes autóctones das praias do Atlântico aos confins da Amazônia. Assim fizeram, há 100 mil anos, os emigrantes da África, ao deslocar os habitantes da Eurásia para o Vale do Neander, Alemanha, (os Neandertais, de Atapuerca, Ibéria e de Lascaux, França) até as cavernas de Harbin, ao norte da China e desapareceram.
Valentes barcaças levaram pau-brasil, mogno, ipê, jacarandá para mobilhar palácios de reis e papas. Das ¨veias abertas da América¨ jorraram prata e ouro. Couros vacunos, de onças e jacarés esfolados abasteceram ateliês. Milhões de toneladas de soja, milho, café, algodão, açúcar, carnes bovinas, suínas e avícolas enriquecem cardápios orientais. A devastação florestal abriu caminho para nossos caudalosos rios levarem ao mar, pelas portas do Norte, do Leste e do Sul, milhões de toneladas de terra fértil que voltou a nossas praias em forma de areia estéril. Agora, em nome da nova economia do Brasil, vamos exportar pedras, denominadas Terras Raras. Seus elementos químicos duplicarão a eficiência tecnológica de celulares, veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, equipamentos médicos, superarmas letais e bombas nucleares de potências bélicas, para tornar inabitável o planeta Terra.
Os minerais salvadores do século 21 estão debaixo de nossos pés. Produzir terras raras, dizem pesquisadores, é a janela de oportunidade para o milagroso crescimento econômico do Brasil e do mundo, decretando o fim da fome e da desigualdade dos desafortunados, em pleno colapso socioambiental.
Risum teneatis, amici? Perguntou o poeta Horácio aos atônitos romanos, há mais de 2.090 anos. Contereis a gargalhada, amigos brasileiros?

Imagem: Buda, há mais de 5.000 anos, suplicava pelas árvores do planeta. Hoje, à sombra da mnagueira, protege o Cerrado do Sítio Neves, nas bordas de Brasilia.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

PASSEIO VESPERTINO

 PASSEIO VESPERTINO

Parei ao pé de um Carvoeiro. Descansei meu nonagenário ombro na casca enrugada. Olhei as gramíneas rastejando na terra seca, beijando o chão que as sustenta. Tudo em volta era alegria, embalada pela brisa ensolarada. Olhei abismado as árvores ao redor. Senti que elas me acolhem. Conspiram a meu favor. Inspiram poesia ao caminhante. Transpiram paz. Respiram felizes. Espiram ar puro. Segredam mensagens ao olho d´água. Convivo com elas. Completamos 51 anos de conspiração ambiental. Felicidade que levarei para Aldebarã.

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

COMEÇAMOS CEDO

 

COMEÇAMOS CEDO

Começamos cedo a esquentar o planeta Terra, por volta de 1870, século XIX, com a queima de combustíveis fósseis. Tarde percebemos que a lei da precaução exigia conhecimento, prudência e sabedoria. Nosso avião está em velocidade de cruzeiro. Os motores falham e o aeroporto está longe, em meio a uma cidade. Talvez, não dê tempo para reparar os erros técnicos e humanos. Os pousos de emergência são cada dia mais frequentes e os desastres se acumulam ─ Rio Grande do Sul, Índia, Espanha, Texas, México. Em outras partes do planeta, junta-se o fogo nos pulmões das florestas e contaminam-se as águas e o ar. A tecnologia desregrada conseguiu construir a tempestade perfeita e já consumiu três partes do rosto do planeta. Extinguiu milhares de espécies da biodiversidade animal e vegetal. Disseminou bactérias e vírus sobre toda a teia da vida e contaminou seres humanos e não humanos. Ferimos a alegria do planeta. A espécie humana sobrevive num ambiente de depressão terminal.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

ÁGUAS DE JULHO - 2025

 

CHUVAS DE JULHO  ▬  ANOS 2013 a 2025

SÍTIO DAS NEVES – BR 060 – KM 26 – DF -

Em milímetros ─ 1 mm = 1 litro/m2    

 MÊS                                      MM/MÊS           TOTAL/ANO/ MM

 2013                               –         0,0               2.255,6

2014                               –         3,0               1.677,5

2015                               –         0,0               1.642,7

2016                               -          0,0               1.921,7

2017                               ─         0,0               1.478,7

2018                               –          0,0               1.760.5

2019                               –          0,0              1.069.3

2020                               ─         0,0                1.787,8

2021                                ─        0,0               1.710.8

2022                               ─         0,0               1.279,2 

2023                               ─          0,0               1.323.4 

2024                               ─          0,0               1.770,9

2025                                          0,0                   513,8 (no ano) 

Durante 156 meses (doze anos), registro e publico os volumes de chuva, captados pelo pluviômetro autorizado pela Agência Nacional de Águas, na área da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Lajes. É lamentável que mais da metade do bioma Cerrado esteja sendo desvirtuado. A regeneração de uma área, para o bom funcionamento de uma floresta, leva mais de 50 anos. Nos últimos 13 anos, o volume de águas do período chuvoso vem diminuindo alarmantemente, acompanhado de tempestades arrasadoras e letais em várias regiões do país.O Sitio das Neves (700.000 m2) registrou, ao longo do mês de julho, 00,0 de litros. Nesses doze anos julinos, apenas em um mês se registrou mais de um litro. A partir de 2021, a mudança do clima não é apenas um alerta. É uma realidade! O acumulado de chuvas do ano de 2025, é de 513,8 mm (ou litros por m2), em média equivalente a 73,4/litros/mês ou 2,4 litros/dia, na região da microbacia do Ribeirão das Lajes, no Distrito Federal.

 

 

MANEJO INTEGRADO DO FOGO

 

POLÍTICA NACIONAL DE MANEJO INTEGRADO DO FOGO

Esta Política tem outros sinônimos elegantes: uso racional do fogo, fogo amigo, fogo ecológico, manejo racional do fogo. Nos últimos dois meses, mais de 400 chamadas de combate ao fogo foram enviadas aos Bombeiros Ambientais. Com vivência de 51 anos de observação, cuidados e luta para salvar do fogo a biodiversidade do Sitio Neves (70 ha), BR 060 Km 26 DF, me atrevo, respeitosamente, a orientar os responsáveis da aplicação dessa POLITICA NACIONAL para as reais medidas de prevenção que evitam queimadas brutais, A maior parte das incidências de fogo, casual ou criminoso apresenta dois principais tipos de risco que facilitam e até incitam os incendiários. Todas as áreas de proteção permanente, 1) estão à beira de rodovias federais, com amplas faixas de domínio público de responsabilidade de Concessionárias ou distritais pouco fiscalizadas pelo GDF e malcuidadas, com depósito de variados tipos de lixo, ao lado de quilômetros de capim seco facilmente inflamável; 2) Linhas de alta tensão atravessam áreas rurais, chácaras, sem a devida limpeza ao longo de sua extensão, expostas a raios ou a falhas técnicas ou tecnológicas que já provocaram grandes incêndios.

Um sábio, inteligente e continuado controle e até eliminação dos riscos evidentes é a melhor e mais eficaz maneira de prevenir e abafar queimadas indesejáveis e criminosas contra a biodiversidade e a manutenção das nascentes de água.

Imagens:1. Lixo plástico entre capim seco. 2. Buritis,salvamdo olhos d´água, Sítio Neves, 9.10.2020 (Foto: Eugênio Giovenardi)

quinta-feira, 31 de julho de 2025

AS PEDRAS DE ROMA - COMENTÁRIO

 

AS PEDRAS DE ROMA

Edmilson Caminha, da Academia de Letras do Brasil, jornalista e escritor.

 As Pedras de Roma, em primeira edição publicada pela editora MaisQnada, Porto Alegre (2009), chega em segunda edição, pela editora Kelps, Goiânia (2025). Eugênio Giovenardi é dos poucos brasileiros capazes de escrever um livro com a riqueza humana e a magnitude literária que põem o romance As pedras de Roma entre os mais expressivos da nossa literatura, nos últimos tempos. Teólogo, filósofo e sociólogo, o autor detém profundo conhecimento da Igreja Católica, a que apela para contar a história impressionante de Giovanni de Medici, feito cardeal com 13 anos de idade, e que governou o Vaticano, como Papa Leão X, de 1513 a 1521, quando se suicida aos 45 anos”. São memórias de um ex-diretor da Biblioteca do Vaticano ─ “Rapporti confidenziali” lembranças, pensamentos e relatos de Leão X, talvez anotados e guardados, por um anão letrado que lhe prestava serviços. Tão bem escrito é o romance que chegamos a crer na veracidade do diário, como se fora mesmo um documento histórico, por entre personagens como Erasmo de Roterdam, Rafael, Michelangelo e Leonardo da Vinci. Os capítulos, elegantemente titulados em latim, são ladeados por imagens de quadros famosos.