É nome de imperador romano. Tem estatura de imperador.
Voz de imperador. Caminha com o garbo dos césares.
Discursa para as plateias indiferentes. Saúda os
passantes com largos sorrisos. Interpela os caminhantes com autoridade de cidadão
livre e autodidata. Pede um café em plena rua, subentendendo que se pague o
preço da bebida.
Tem patrocinadores para a cerveja. Entra no
supermercado a passos largos. Vai, sem perder-se, ao endereço da Bavária, da
Schin, da Polar.
Faz charme com a moça do caixa. Recita um verso de
Vinicius e deixa um rastro de simpatia.
Aos cuidadores de carros levanta um brinde, insinuando
que a loura é mais sensual do que o baseado.
É saudado por vendedores de banca de frutas. Tem a
banana, a manga, o cajá. Senta no degrau da entrada do Banco do Brasil. É
cliente de dezenas de clientes da instituição financeira e tem crédito sem
juros.
Tem retórica própria sobre a indiferença de
governantes que não melhoram o trânsito.
Imperador também é atacado pela solidão, pela angústia
e pela miséria dos dias que passam e pintam de grisalho seus cabelos. Augusto
Cesar reclama de abandono.
“Minha família me expulsou de casa. Não tenho ninguém,
nem mãe nem pai. Não tenho casa e sou sozinho no mundo. Mas tenho quem me paga
um prato de comida e me alcança um cigarro. Não sei viver sem fumar.”
A falta de dentes não o embaraça. Olha a pessoa no
rosto e com fulminante análise dispara: “já vi que esse não vai dar, mas tem
quem dê”.
Em profunda meditação, animada pelo estado etílico,
pontifica: “O CDI hoje é Criação Destrutiva Inteligente. Tudo é porcaria e o
tempo há de enterrar o rico e o pobre”.
Augusto Cesar, imperador da rua. Reina na avenida
comercial da 406 Sul da Brasília deslumbrada.
Tem trono cativo na porta do palácio bancário. É
beneficiário da conta conjunta da clientela anônima frequentadora dos caixas
eletrônicos.
“Cada um que cuide de sua morte. O impossível não há!”
VIVA O IMPERADOR AUGUSTO CESAR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário