Uma pergunta fundamental. Por que plantar árvores?
Para produzir alimentos ou urbanizar, destruiu-se o habitat das árvores nativas. Em lugar
delas, nas cidades, plantam-se espécies que vão ocupar duas ou mais vezes o
espaço das que ali nasceram. As árvores nativas não tinham prédios ao seu
redor. Nem calçadas. Nem ruas. Nem estacionamentos.
As árvores são dotadas de organização genética
consolidada há milhares de anos. As nativas são inundadas de sol pelos quatro
pontos, arejadas pela brisa da noite, regadas pelo orvalho da noite e, graças
ao período chuvoso, alcançavam a estatura que o bioma lhes permitia.
Essas árvores monumentais que hoje embelezam os
espaços libertos da mão dominadora do homem são escravas dela. Estão sempre
ameaçadas por motosserras. É de sua espécie, de sua organização crescer para o
alto e para os lados. As grandes árvores sabem de equilíbrio. Não raramente,
equilibram-se umas nas outras. Por isso, põem galhos em todas as direções e em
diferentes alturas do tronco.
Por que os administradores de parques e jardins, em
Brasília, transformam uma canafístula em palmeira? Sabem eles que estão
desequilibrando as árvores? Sabem eles que essas mutilações abrem caminho para
fungos e doenças que sacrificam a árvore? Sabem eles que uma árvore pode conter
cem por cento de seu peso em água? E que, durante a chuva, uma árvore pode
deter metros cúbicos de água no colchão de suas galhadas?
Ontem, 27.2.2014, os operadores de motosserras
deitaram ao chão centenas de quilos de galhos e troncos por motivos
irracionais. Com a ajuda de cálculos de especialistas, os operadores tiraram
das plantas, dessa rua, mais de 10 metros cúbicos de água (10 mil litros). Uma
perda definitiva para a umidade do ar.
Os moradores da SQS 407, Asa Sul, perderam para sempre
10 mil litros de água que umedeciam o ambiente todos os dias. Todos os dias.
Os operadores de motosserras, infelizmente, cumprem a
função de carrascos com a anuência da sociedade, sob a ordem de administradores
obtusos e, lamentavelmente, a pedido de egoístas e temerosos proprietários de lojas.
Então, antes de plantar árvores onde outras já existiam,
há que conhecê-las para saber onde plantá-las sem precisar, depois, mutilá-las.
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