quinta-feira, 26 de novembro de 2020

IDIOMA DA NATUREZA

 

IDIOMA DA NATUREZA 

 

O idioma da natureza é o silêncio.

Os sinais são visíveis para o olhar, são audíveis para o ouvido, são tactáveis para o tato, são oloríferos para o olfato e saborosos para o paladar.

É com os cinco sentidos que se pode ouvir a natureza.

Penetrando em silêncio no espaço virgem de um ambiente natural, uma cena impactante é a conjugação indissolúvel da árvore com a água.

Esses dois elementos, acariciados pelo sol ou embalados pelo vento ou pela carinhosa brisa matinal ou vesperal configuram a paz saudável da qual desfrutam todos os seres animados em terra, ar ou água.

 

Para ouvir a natureza, há que se chegar de mansinho perto dela.

Ela fala pelo trovão da tempestade,

Pela chuva que molha os campos.

Pelo cicio das folhas embaladas pelo vento.

Pelo grito uníssono das curicacas.

Pelo grunhido cadenciado do tucano.

Pelo choro reprimido dos bambus.

Pelo chuá das cachoeiras saltando pedras.

A natureza fala pela vida que palpita no chão, no ar, na água.

A natureza fala pela dança alegre das borboletas azuis.

A natureza fala pelo silêncio das árvores.

 

18.11.2020

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

O ROSTO DAS ÁRVORES

 

O ROSTO DAS ÁRVORES

Amigos,
As árvores não têm frente e verso como os bípedes inteligentes que as cortam sem pena. O homo sapiens, por apresentar apenas dois lados, o peito e o dorso, sempre caminha na incerteza: olhar para frente ou para trás. Olha para frente desconfiado do que pode vir detrás dele.
As árvores vivem seu quadrilátero. Olham incessantemente para os quatro cantos do planeta ao mesmo tempo. Tomam o sol da manhã, do meio dia e da tarde. Abraçam os ventos que sopram em todas as direções. E, além de olhar para todos os lados, miram o céu de dia, as estrelas à noite e apontam sabiamente para baixo onde está a água, o coração da Terra.
O bípede inteligente, também conhecido como homo sapiens, diante da pandemia linear, pode adotar a sabedoria das árvores e olhar serena e pacientemente para todos os lados da realidade.
É fascinante compreender e aceitar que a paz vegetal das árvores nasce dessa simples capacidade de estarem voltadas para todos os lados.

6.11.2020

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

 

PROJETO OLHO D’ÁGUA

RELATO DE EXECUÇÃO

SÍTIO DAS NEVES - DF 

 

INTRODUÇÃO 

O projeto Olho d’Água começou em 1980, no Sitio das Neves,. com a finalidade de proteger uma área de 70 hectares do bioma Cerrado. Localizada à margem esquerda da Rodovia BR 060, direção Brasília Goiânia, na altura do Km 26, no perímetro do Distrito Federal. Integra a bacia hidrográfica do Rio Santo Antônio do Descoberto e a micro bacia do Ribeirão das lajes..

A área total do DF é de 582.200 hectares (5.822 km2). Segundo o plano de ocupação regional do DF, 80% (450.000 ha) seriam reservados às atividades rurais, reflorestamento, preservação de nascentes e cursos de água, e 20% (132.000 há) à urbanização ( serviços, habitação, educação, comércio, lazer, rodovias).

Atualmente, a urbanização absorve 60% (348.000 há), restando para o rural, 40% (234.200 ha), com tendência galopante a se reduzir ainda mais a área rural.

Essa inversão do uso do solo desencadeou um processo de desertificação do Cerrado, com eliminação de nascentes, desmatamento indiscriminado, perturbação dos aquíferos subterrâneos por meio de poços tubulares, impermeabilização de grandes áreas, causando assoreamento do Lago Paranoá, de rios e córregos de imensa área adjacente do Distrito Federal.

 OBJETIVOS DO PROJETO

 A proteção de nascentes mediante vegetação nativa garante a sustentabilidade da água, da produção agrícola e da qualidade ambiental.

Sob o aspecto ecológico e ambiental, o Projeto Olho d’Água propõe-se, de forma continuada, a preservar essa área de 70 hectares de Cerrado (700 mil metros2), denominada Sítio das Neves, mantendo suas características originais de fauna e flora.

A preservação ecológica e ambiental tem, portanto, caráter contínuo a fim de proteger a área de ocupações inadequadas e prejudiciais à natureza, seguindo orientações técnicas e científicas sobre a fenomenologia climática.

A preservação da área mencionada se estende por quatro décadas, com práticas de contenção e detenção das águas pluviais, por meio de barragens simples de pedra ou barragens-castor (galhos secos e terra de cupim), de tamanho adequado à declividade do terreno e ao volume, peso e velocidade da água. O desenvolvimento vegetal e a recuperação da biodiversidade são resultados que podem ser comprovados.

As matas ciliares dos córregos perenes que nascem na propriedade, Córrego Capão Azul, Córrego da Onça e as das nascentes intermitentes se ampliaram geometricamente. As matas de galeria dos vários cursos de água se ligaram umas às outras. As águas pluviais contidas e detidas nas barragens, sombreadas pelas matas de galeria, permanecem durante todo o período seco. A umidade mantida nessas áreas modifica lentamente o ambiente e fortalece as nascentes perenes e estimula as intermitentes.

Conseguiu-se, ao longo de três décadas, aumento dos índices de umidade com o armazenamento de água nos quatro aquíferos:

− aquífero radicular, volume de água contida nas raízes das árvores, plantas e gramíneas, graças ao sombreamento da vegetação.

− aquífero vegetal, volume de água contida nos troncos, galhos e folhas das árvores, em consequência da captação de umidade do solo pelas raízes.

− aquífero superficial, volume de água que brota das nascentes e forma córregos e rios, alimentado pelas barragens de contenção das águas da chuva.

− aquífero subterrâneo, volume de água estocada entre as camadas de rocha, preservado pela recarga das precipitações que se infiltram no solo e percolam até os mares interiores, graças ao repouso das águas nos lagos temporários resultantes das barragens.

 No âmbito da propriedade, a captação e detenção das águas da chuva são efetivadas por uma rede sistêmica de pequenas barragens de baixo custo e eficientes, que permitem a comunicação subterrânea das águas. Nas grotas e canais de escoamento, detém-se mais da metade do volume de água das chuvas do período, estimado em 400 milhões de litros, considerando um índice médio de precipitação de 1.300 mm/ano. É um processo fácil de multiplicar em todas as propriedades rurais.

A captação de água no Sítio das Neves atende a todas as necessidades de consumo humanas, criação de pequenos animais e produção de legumes e frutas.

O volume diário de captação e uso da água no Sítio das Neves foi determinado por um ato administrativo de outorga da água pela ADASA. Segundo cálculos técnicos, a vazão diária, no período de estiagem, da nascente de captação é de, aproximadamente, 30 mil litros de água. O consumo autorizado monta a 2.000 litros diários. A captação de água é feita por gravidade num percurso de 750 metros.

Graças aos resultados obtidos até o momento, a ADASA concedeu ao Sítio das Neves, em ato público, o PRÊMIO GUARDIÃO DA ÁGUA, no Dia Mundial da Água, em 22 de março de 2010. Instituto Brasília Ambiental (Ibram), após o georeferenciamento, por satélite, concedeu o registro do CAR (Cadastro Ambiental Rural), da Reserva Legal e determinação de Áreas de Preservação Permanente (APP).

Sob o aspecto educativo, por meio de parcerias com ong’s ambientalistas, palestras em colégios e universidades, publicações na mídia e visitas guiadas, propõe-se despertar nas crianças e pesquisadores o apreço pela natureza e a possível reprodução do processo de preservação em curso por outros proprietários de terra, agricultores ou não.

O projeto Olho d’água está aberto a pesquisadores de universidades e institutos ou centros de pesquisa ambiental, alunos e estudantes, funcionários e técnicos de secretarias de agricultura com funções de extensão e educação rural.

 EXTENSÃO E MORFOLOGIA

 A área do Sítio das Neves tem uma extensão de 70 hectares, com um desnível de oitenta metros entre o ponto mais alto, rodovia BR 060, e o mais baixo, desembocadura dos córregos Da Onça e Capão Azul no Ribeirão das Lajes.

O acesso à sede da propriedade é feito por estrada de chão de 1.100 metros de extensão, a contar da porteira de entrada. A conservação da via é feita manualmente.

As terras da propriedade são banhadas por três cursos permanentes de água. Ao sul, pelo Ribeirão das Lajes, integrado à bacia do Rio Santo Antônio do Descoberto, a Leste, pelo Córrego Capão Azul e, a Oeste, pelo Córrego da Onça.

Os córregos que nascem nas terras do Sítio das Neves têm uma extensão de aproximadamente 1.200 metros e desembocam no Ribeirão das Lajes.

 OBRAS DE PRESERVAÇÃO

 Todas as obras e atividades de preservação ambiental se realizam de forma manual, em caráter contínuo, segundo as estações do ano, utilizando material local. Exceção feita da classificação de plantas e aves, executada por profissionais em colaboração com o Ibram e ONG’s.

Até o presente momento, os custos da preservação ambiental, incluindo a construção de barragens, de aceiros e proteção das nascentes, do transporte de material, do combustível e placas de avisos são sufragados pelo proprietário.

As principais despesas se referem à construção e manutenção de barragens, classificação de plantas, aves e animais selvagens, comunicação e combustível.

 Brasília, abril, 2014

Atualizado 5.11.2020 

___________________________________

Eugênio Giovenardi

RG: 139.828 SSP/DF

CPF: 090.928.381-87

Fone: 61 9981 2807

eugeniogiovenardi@gmail.com

blog: www.eugeobservador.blogspot.com

 

Endereço:

SÍTIO DAS NEVES – Rodovia BR 060, Km 26 – DF

 

Registros Institucionais:

Código do imóvel rural (INCRA) - 9410180282315

Código da pessoa (INCRA) - 014353407

Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) - 04132124057

Número do Imóvel na Receita Federal (Nirf) - 3407896-7

 

Obras do autor sobre o tema ambiental:

1)  Os pobres do campo, Tomo Editora, 2004, Porto Alegre.

2)  O retorno das águas, Editora Ser, 2005, Brasília

3)  A saga de um Sítio, LGE, 2007, Brasília:

4) Ecologia - Prosperidade sem destruição

5) Ecossociologia - Relações do ser humano com a natureza

6) Reencontro - o que aprendi da natureza

7) As árvores falam - 

8) Uma obra em verde - Economia humana

 

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

CHUVAS DE OUTUBRO – 2013-2020

 

CHUVAS DE OUTUBRO – 2013-2020

EM MILÍMETROS – 1 mm = 1 litro/m2

 

ANOS       OUTUBRO            TOTAL ANO

                   Milímetros

2013          179.5                          2.255,6

2014          54.0                             1.677,5

2015          79.9                              1.642,7

2016          185.4                           1.921,7

2017          44.1                              1.478,7

2018          228.8                            1.760,5

2019          41.2                              1.068,7

2020          205.6                            1.263.4 (até 31.10)

 

No  registro de precipitações destes oito anos, o mês de outubro de 2020 confirma a irregularidade das chuvas. Dos oito anos, quatro oferecem menos de 100 mm, sendo 2019 o outubro menos chuvoso.

O acumulado de 2020 se aproximará da média anual de 1.500 mm, no Centro-Oeste, mas muito aquém dos anos de 2013 a 2016.

O  obscurantismo, a insensatez, a miopia, a insensibilidade diante de biomas queimados, do empobrecimento da biodiversidade, da contaminação das águas e do ar, estão entre as causas políticas e biológicas das pestes, vírus e patógenos múltiplos que assolam os brasileiros.. As decisões econômicas devem submeter-se ao sábio princípio da preservação  dos ecossistemas.

 

PLUVIÔMETRO

Índices registrados pela estação meteorológica digital instalada no Sítio das Neves, onde a mão humana é conduzida pela sabedoria silenciosa das árvores.