O Espírito Santo e Minas Gerais continuam (dezembro,
2013) com imensas áreas cobertas pelas águas que o Rio Doce não conseguiu
escoar. Informam os repórteres, como de costume, que estas foram as maiores
chuvas dos últimos trinta anos. E alagamentos e transbordamentos houve em todos
os anos.
Quer dizer, em 1993, a natureza já havia dado avisos
para que se tomassem as precauções devidas. Em trinta anos, florestas poderiam
ter crescido.
Imprudentes, as populações urbanas estimuladas por
empreiteiras da construção e por incentivos governamentais tomaram os espaços
às margens de rios enquanto os agricultores devastavam os morros e encostas e
retiravam do solo as barreiras naturais de contenção e retenção das águas.
Nessa região, existiam árvores que podiam reter até
dois mil litros de água da chuva (2m3). O corte de mil árvores
significa a liberação de um milhão de litros que escorrem em alta velocidade
morro abaixo. Mas foram milhões de árvores arrancadas. A simples aritmética
poderia ter sido um instrumento útil na mão de agrônomos.
A essas funções extintas das árvores, conter e reter
água, some-se o papel das raízes dessas mil plantas arrancadas do solo
deixando-o desprotegido. A trama das raízes, que se entrelaçavam, mantinham a
coesão do solo e impediam o desmoronamento e o deslizamento de grandes e
pesados volumes de terra e pedras.
Milhares de árvores foram substituídas por cafezais e
pastagens cujo tipo de vegetação é inadequado para cumprir a função das matas
ciliares, dos morros e encostas.
São falhas graves dos agentes econômicos do Ministério
da Agricultura, da Embrapa, das Emateres, das cooperativas agrícolas, da
Confederação Nacional da Agricultura, das associações de pecuaristas e
cafeicultores.
É sempre tempo de debelar a ignorância ambiental e a
irresponsabilidade criminosa dos promotores do crescimento econômico a altos
custos ecológicos e ambientais se pensarem em seus netos e bisnetos.
Há que se impor, não apenas pela lei da prudência, pelo
princípio da precaução e da racionalidade, mas e principalmente pelas leis na
natureza, o plantio imediato de árvores nativas para formar barreiras e
cortinas vegetais protetoras do solo.
As medidas pós-catástrofes serão paliativas e
repetitivas, não adequadas como solução. Vidas, culturas, casas, bens de uso
humano continuarão indo águas abaixo.
Talvez, daqui a trinta anos, se voltarem as árvores, os
repórteres terão outra mensagem a dar diante de chuvas torrenciais.
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