Espero que a população e os governos compreendam que
as enchentes atuais do Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro
são um aviso estridente de que as mudanças climáticas bateram às nossas portas.
As perdas de vidas humanas e de milhares de outros
seres vivos são frutos da irresponsabilidade de todos. Os ataques ao ambiente,
nesses últimos cem anos, exauriram as forças do bioma local que se tornou
impotente para assimilar o desgaste sofrido e o volume de águas das chuvas
abundantes.
A cegueira ambiental tem cura, mas é preciso
reconhecê-la com humildade. Se não, continuaremos a perder a riqueza material
na qual ilusoriamente se fundamenta o bem-estar, a qualidade de vida e a abundância.
Falta perceber que essa riqueza material roubou à
natureza os meios de dar a todos os seres vivos a oportunidade da sobrevivência
que é a base da felicidade humana. Matamos indiscriminadamente as fontes de
nossa vida e de nossa felicidade. As imagens mostraram imensas áreas
devastadas. Onde está a vegetação protetora do solo? Onde estão as árvores?
É hora de os grandes mentores da economia, dos
administradores da coisa pública e da população acordarem e desvendarem os
olhos.
O precipício anunciado está a poucos metros e muitos
já caíram nele.
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Nota: Sou ecossociólogo, naturalista e escritor. Administro
uma área liberada da opressão industrial e da tirania do consumo obsessivo, uma
reserva natural de cerrado de 70 hectares (Sítio das Neves) para refúgio de
variada fauna de ar e terra, reprodução espontânea da flora nativa (3.500
espécies), proteção de nascentes e recarga de aquíferos com captação de águas
pluviais. Estudo a ocupação do espaço e a organização de algumas espécies da
biocomunidade (mangabeiras, caliandras e catolé).
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