As chuvas, mais abundantes neste ano, especialmente no
Sudeste, pelas consequências desastrosas que afetam as pessoas, indicam nossa
ignorância sobre os fenômenos da natureza.
Tratamos o ambiente em que vivemos como se tudo
estivesse sob nosso comando. Fatal equívoco.
As mudanças climáticas se produzem diante de nossos
olhos e continuamos cegos. Só vemos as águas depois que arrastaram pessoas e
seus pertences. Não sabemos prever e nem nos preparar para enfrentar fenômenos
que a natureza produz há milhões de anos.
A experiência que acumulei com a preservação de uma
área de cerrado (70 hectares, DF) ensinou-me que, antes de qualquer ação humana
sobre o ambiente, é necessário compreender o comportamento e as consequências
dos fenômenos naturais.
Quarenta anos de observação e cuidados nessa área
reduziram à mínima expressão a possibilidade de erosão ou de catástrofes que
possam afetar o equilíbrio natural do ambiente.
Os erros da urbanização e da agricultura estão na
devastação irracional das barreiras verdes e da vegetação nativa, no
desenraizamento protetor do solo e no desvio múltiplo dos cursos de água.
Somos todos responsáveis. Os que devastam e os que permitem
a devastação. É afirmação antiga e nunca levada a sério: um real gasto em destruir
ou modificar o ambiente exige cinco para recuperá-lo apenas em parte.
Essa atitude da população e das administrações públicas
demonstra ignorância e irracionalidade ecológica e ambiental. Estamos todos condenados
a pagar, sem direito a recurso aos tribunais superiores, os débitos atrasados devidos
à natureza inerme.
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