(Foto: Lixo produzido na indústria com alta tecnologia)
O lixo orgânico, biodegradável, que pode ser absorvido
pela natureza com ou sem processamento, transforma ou impulsiona novas vidas.
O lixo sólido é uma excrescência econômica resultante
do fanatismo produtivo, industrial, poluidor, desatento à proteção do solo, da
terra, do ar e da água. O lixo começa na produção de qualquer produto. As
embalagens são uma das causas do lixo. Toma-se o refrigerante e sobra uma
embalagem plástica ou de vidro. Reformam-se apartamentos e descarregam-se
toneladas de material à beira das estradas ou lixões.
A ditadura econômica e financeira cria padrões de
produção e consumo gerador de violência, competição, guerras entre pessoas,
comunidades, cidades e países. A ditadura econômica é a mãe da ditadura
administrativa e burocrática formuladora de políticas, programas e projetos de
investimentos sem controle dos cidadãos.
Os adoradores do PIB são escravos de sua própria
incapacidade de sustentá-lo. Ziguezagueiam seus discursos, sua retórica, suas
justificativas diante do insucesso de um índice. Tudo o mais é esquecido: o
descontrole do consumo, o esbanjamento da riqueza produzida, a corrida ao mais
novo, à tecnologia inútil e ineficiente, a angústia do devedor, a frustração do
cidadão. A multiplicidade de leis, normas, regras, controles e fiscalização
abafam, sufocam, irritam as pessoas.
Sobra lixo à beira das vias. Os lixões crescem. O
assalto ao lixo é também uma ação oficial do poder público. Há os milionários
do lixo ao lado dos pobres do lixo. A desigualdade convive em alta e baixa
tecnologia. É uma guerra entre a sociedade e o Estado. Entre a organização
social e as decisões de governos. Com a mão esquerda, o governo afaga os pobres
do lixo. Com a mão direita, abençoa os milionários do lixo com favorecimentos
contratuais e em nome da sustentabilidade do crescimento. Ética e moral são
trucidadas pela corrupção pequena e grande. Corrupção infiltrante, metástase que
penetra todos os membros do organismo.
Diminuir a produção de lixo, rever os processos de
produção que renovem também as formas de consumo são pontos cruciais para uma
nova economia ecológica de respeito à biocomunidade e à interdependência dos
seres vivos.
O lixo é a dor de cabeça do mau funcionamento do
organismo produtivo. O lixo é apenas um sintoma do desfuncionamento industrial.
Não se pode contar apenas com o melhoral ou a aspirina da coleta e reciclagem
de lixo para curar a enxaqueca econômica em nome da oferta de postos de
trabalho e garantia de renda de catadores pobres e ricos. Há que se rever os
padrões de produção para reorientar a cultura do consumo.
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