Caminhei pela quadra onde moro, ontem, antes da rápida
e última chuva do período. A terra pedia água, visivelmente seca. A vegetação
retraída, murcha, fazia evidente economia de água nas raízes.
Onde estão, perguntei-me, aqueles bilhões de litros de
águas das chuvas do mês de março? Rolaram pelo asfalto em direção ao Lago
Paranoá, arrastando toneladas de lixo e terra, abrindo valetas. O Lago se
encheu de água, terra e lixo.
A captação e detenção da água da chuva ainda levarão
tempo para tocar a inteligência administrativa do espaço que abriga o conjunto
de seres vivos da cidade. A compreensão dos administradores precisa ir além dos
meros interesses econômicos da população urbana. Mais além das avenidas,
viadutos, estacionamentos e obras monumentais.
A água, o ar, a luz, as plantas, as gramíneas, os
pássaros fazem parte da grande assembleia da qual participa o ser humano. A
água da chuva precisa ser administrada com inteligência e com a mesma
tecnologia que constrói uma arena para a prática ou apresentação de jogos e
exercícios físicos.
Se as plantas que foram introduzidas nesta assembleia
sofrem pela falta de água é toda a biocomunidade que padece. Em seu habitat e
espaços naturais, as plantas e os animais, incluído o homem, há uma acomodação
sazonal de cada espécie se o ambiente não foi modificado.
Uma cidade é um ambiente modificado, artificial. Tem,
portanto, requerimentos que a modificação impõe. Esses requerimentos não foram
suficientemente compreendidos pelas administrações das cidades. A captação da
água da chuva em galerias subterrâneas, para benefício da biocomunidade no período seco, é um
requerimento que ainda não foi compreendido pelos administradores urbanos.
28.5.2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário