(Foto: Eugênio Giovenardi, Sítio das Neves, Barragem de captação e armazenamento)
(Informação enviada ao MPDFT)
O Distrito Federal, como parte do berço das águas, nos
últimos anos, apresenta permanente escassez hídrica pelas próprias condições
geológicas e geográficas. A vegetação nativa, com experiência de milhões de
anos, sabe controlar o uso da água para sua sobrevivência e reprodução. A
fauna, em condições normais de seu habitat, também encontra água para se dessedentar.
A espécie humana, em acampamentos urbanos ou rurais para produzir os alimentos
do cotidiano, consome água para satisfazer a inúmeras necessidades, além da
sobrevivência e da reprodução. O acesso à água vai da coleta direta na fonte ou
no rio, sob a forma de aqueduto como o romano, aos encanamentos modernos que
retiram o líquido de imensas represas.
Uma das informações fundamentais para estabelecer
estratégias e táticas de administração do fornecimento e uso de água é o número
de pessoas que buscam esse serviço público.
O uso da água nas cidades e na agricultura se
destina a inúmeras atividades cada uma delas com suas características de
necessidade, de importância, de urgência, de intensidade e de tempo. Uma das
formas de controle do uso da água é o hidrômetro controlado por um órgão de
administração pública, instalado em residências particulares, condomínios,
edifícios comerciais, industriais e de prestação de serviços à população, além
do uso da água para limpeza e regadio de áreas verdes. As águas retiradas de
poços artesianos estão atualmente fora de controle por deficiência da
fiscalização e aplicação de normas de outorga.
Para o controle e gestão do fornecimento da água há
que se considerar: a) o potencial de vazão de uma região para atender a todas
as formas de vida de um bioma e de seus ecossistemas; b) o regime normal e a
irregularidade de chuvas; c) o impacto do crescimento da população humana, a
urbanização, o aumento dos rebanhos (bovinos, ovinos, caprinos, muares,
avícolas, caninos e felinos) que convivem no mesmo espaço, a ampliação das
áreas de produção agrícola com o consequente desmatamento e uso de águas
subterrâneas; d) o despejo de milhares de metros cúbicos, por hora, aos córregos, rios e lagos, de água potável
usada.
Uma simples aritmética da água fornece dados suficientes
para o planejamento global do potencial hídrico, da administração do
fornecimento e controle do uso individual e coletivo.
O consumo individual visível de água pela população
do DF (2,9 milhões), atendo-se à média informada pela Caesb (180 l por pessoa),
é de 522 mil metros cúbicos por dia. Qual é o volume de vazão diário no DF?
O crescimento da população humana e o da população animal
agregada, não é comparável ao da população vegetal. O aumento dos dois
primeiros grupos é diário e, consequentemente, o consumo de água. A oferta
natural de água não acompanha o aumento da demanda.
Atendo-se apenas à população humana, verificam-se
125 nascimentos por dia no DF, agregando ao consumo um volume diário de 22
metros cúbicos e consequente despejo. Ao final do ano, a população do DF
aumentou em 45 mil novos habitantes. Somam-se os vinte mil imigrantes que
aportam ao DF, a cada ano, e tem-se 65 mil habitantes a mais, equivalente à
população do bairro Núcleo Bandeirante. A pressão sobre a água é crescente e
constante. Em dois anos, o DF terá 135 mil novos habitantes com o mesmo
potencial hídrico.
Não bastasse essa pressão sobre os aquíferos limpos,
nos damos ao luxo de despejar 22 mil metros cúbicos por hora ou 362 metros
cúbicos por minuto, no Lago Paranoá e córregos do Distrito Federal.
O uso invisível da água é determinado pelo consumo
de energia hidrelétrica. Cada pessoa consome, em média, 3KW por dia. Segundo
especialistas em geração de energia hidrelétrica, para gerar um KW se
necessitam 6.660 litros de água. O consumo de energia per capita eleva o
consumo diário de água para 19.980 litros. Esse volume, multiplicado pela
população do DF, demonstra por que as represas do país estão abaixo dos níveis
projetados (DF: 2.900.000 x 19.980: BRASIL: 206 milhões x 19.980).
Qual a solução estratégica que se impõe diante da
escassez de água?
Captação e detenção de águas pluviais. A mais
eficiente forma de captação é o reflorestamento intenso que, além de favorecer
a recarga dos aquíferos, evita assoreamento dos rios, melhora a umidade do ar e
traz de volta pássaros, aves e animais nativos. Outros modos de captação devem
ser instalados nos prédios urbanos e em galerias subterrâneas na cidade, a
exemplo de Tóquio, com a mesma tecnologia com a qual se abrem estacionamentos
subterrâneos ou túneis de metrô.
Por que a captação? A precipitação pluvial no DF
alcança mais de 1.500mm no período chuvoso, o que significa 1.500 litros por
metro quadrado, ou 87 milhões de metros cúbicos que escorrem para os rios.
A captação das águas pluviais é uma medida
administrativa de planejamento imprescindível e urgente para enfrentar as
dificuldades futuras de abastecimento hídrico à população do DF.
23.11.2016
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