Retoma-se a discussão para
apontar quais são os setores que mais consomem água. O vilão, nas estatísticas,
sempre foi a agricultura, com 72% da água diretamente consumida pela espécie
humana. Poucos relacionam o consumo de energia ao consumo da água. Esquece-se
até que a água produz energia elétrica fazendo rodar geradores.
Para gerar um KW de energia são
necessários 6.660 litros de água, segundo os medidores de usinas hidrelétricas.
Em nosso apartamento (duas pessoas), consomem-se, em média, 210 KW/mês. Convertidos
em água, somam 1.400.000 litros. Além do consumo relativo à energia, há outras
atividades da casa e dos moradores que requerem água, numa proporção de 150
litros per capita, ou mais 9.000
litros. É evidente que a redução do consumo de água deve se dirigir ao uso da
energia elétrica.
Nas cidades, vivem 80% da população.
Não será o cidadão urbano o vilão escondido que está esvaziando as represas?
As informações sobre uso e
consumo de água, no Brasil, refletem apenas os dados coletados em algumas
categorias de consumidores e suas atividades. Esses dados refletem o uso direto
de água pelas pessoas e nas atividades econômicas. Poucas ou raríssimas vezes
faz-se relação entre o uso da água e tamanho da população.
Todas as categorias mencionadas
nos relatórios estatísticos são aspectos de um único usuário final da água: o cidadão.
A água gasta para produzir automóveis, ou soja, ou leite, ou carne tem como
objetivo final a sobrevivência, a reprodução e o bem-estar da população. Por
exemplo: que volume de água é necessário para construir um automóvel que será
usado pelo cidadão? Que volume de água é necessário para levar um bovino aos
400 quilos? Na agricultura, o mais nefasto talvez não seja o que se tira do
subsolo, mas o que nele se introduz poluindo águas.
Uma importante relação entre
água e energia é feita de maneira a encobrir a realidade dos dados apresentados.
É verdade que todas as atividades humanas poderiam ser realizadas com menos consumo
de água. Na agricultura, na fabricação de automóveis, na construção civil
gasta-se mais água do que é mencionado nas estatísticas. Por quê? Porque não se
faz a relação entre água e geração de energia elétrica.
Alguns exemplos podem
ilustrar o verdadeiro volume de água gasta em algumas atividades. Vamos aceitar
um dado referencial mencionado por cientistas da produção de energia elétrica:
6.660 litros de água para produzir um KW.
Um horticultor que irrigue
um hectare de hortaliças com 10.000 litros de águas (1 l/m2) e use
um motor elétrico que gaste 10 KW por dia. O consumo direto de água será
acrescido de 66.660 litros que se referem indiretamente à produção de energia. Nesse
dia, o horticultor gastará 76.660 litros ou 76 m3. Se só utilizar
esse volume durante 52 semanas (um ano) seu consumo de água para oferecer
hortaliças ao Ceasa será de 3,98 milhões de litros ou 3,98 mil m3.
O horticultor é um cidadão comum
e usa água para outras finalidades do dia a dia. Como todo cidadão tem “direito”
a 120 litros/dia. Terá consumido, no ano, 43.800 litros ou 43 m3. Somado
o custo de 60 KW mês que gasta para diferentes fins, o consumo de água se
acresce de 4,7 milhões de litros ou 4,7 mil m3. O consumo anual de água
do cidadão, direta e indiretamente, estará próximo a 4,9 milhões de litros ou
4,9 mil m3.
Em conclusão: para produzir
hortaliças, gasta 3,98 mil m3. Para satisfazer suas necessidades
individuais, gasta 4,91 mil m3, num total de 8,89 mil m3.
Em ambos gastos, o consumo
indireto de água é maior do que o consumo direto. Fato que induz a que a redução
do consumo de água depende da redução do consumo de energia gerada pela água.
2 comentários:
Excelente Blogger.
Conhecí hoje e não consegui parar de ler, este Eugênio Pedro Giovenardi manda bem demais.
Aprendi muito e espero multiplicar estas informações pelos caminhos que irei percorrer.
ola tenho uma vazão de media 350 m3 por segundo, seria viavel aproveitar essa vazão para produzir energia.?
obs.: tenho no mínimo masi e pontos com a mesma vazão
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