Na primavera de 2013, acompanhei a brotação das árvores em frente à janela de meu quarto-escritório. Há cinco anos, trouxera do Sítio das Neves uma promissora muda de jatobá. Plantei-a em frente à janela. Cresceu com raro entusiasmo e, por cinco anos, parecia gostar da vida urbana e do ruído permanente da L-2 Sul.
A primavera já ia ao
meio e o jatobá que atingira a altura de 12 metros não rebrotou. Dezenas de
galhos secos espetavam o ar. Um sentimento de tristeza me invadiu. Apoiado ao
parapeito da janela, disse a Hilkka a meu lado: “O jatobá morreu”!
Olho todos os dias
para o jatobá seco e inerte. Morreu aos cinco anos de idade. Em seus galhos
secos, diariamente pousam sabiás, beija-flores, bem-te-vis, dezenas de
caturritas conversadeiras, anus-pretos e pardais. Prolongam os funerais, cantam
elegias e fazem do jatobá um ponto de encontro.
Por que os pássaros
procuram os ramos secos do jatobá? Lá de cima, os pássaros me observam,
apreciam o vasto horizonte, percebem quem se aproxima, alertam contra presenças
perigosas e não desistem de esperar por migalhas de pão e água de mel no
bebedouro para alegrar a vida.
Mesmo seco e morto, o
jatobá mantém a serenidade e a paciência que são virtudes de todas as árvores.
Depois de morto, continua amigo dos passarinhos e alimenta a nostalgia dos
tempos em que ele me olhava verde e carinhoso.
7.5.14
Nenhum comentário:
Postar um comentário