O candidato a ocupar a presidência da República Federativa
do Brasil (apontando apenas um aspecto das mudanças estruturais desejadas) que
apresentar um plano de criação de 20 milhões de postos de trabalho verde até
2020, sem extinguir os programas emergenciais de minoração da miséria e da
pobreza, dará um passo importante na mudança da economia de produção para o
consumo para uma era de prosperidade humana nos limites dos bens finitos do
planeta.
Entre os postos de trabalho verde para ampliar a
oferta de riquezas naturais estão a recuperação de nascentes, ampliação de
áreas de recarga de aquíferos, reflorestamento de margens de rodovias,
agricultura básica de produção de alimentos, sistemas associativos de captação
de águas pluviais na área urbana e no meio rural, criação e manutenção de
corredores ecológicos de multiplicação da biodiversidade, proteção de parques
nativos e urbanos.
As estatísticas oficiais informam ou deveriam informar
que parte dos recursos financeiros veiculados pelos programas sociais também participou
do desfile da compra de automóveis estimulada por créditos subsidiados e isenção
temporária de impostos. O automóvel transformado em realização de sonho de
consumo pôs os cidadãos em igualdade sobre quatro rodas. Outros itens à base de
minérios como geladeiras, lavadeiras e outros eletrodomésticos se associaram
aos impulsos do consumo como estratégia do crescimento econômico medido pelo
PIB.
Quase nada se fez para contrabalançar e compensar a
emissão de gases de efeito estufa com a queima intensificada e generalizada de
combustível fóssil. Os incentivos ao consumo não tiveram uma contrapartida clara
de proteção das riquezas naturais oferecida pelo discurso público. A transição
da economia do crescimento baseada na produção ilimitada para o consumo
ilimitado conduz à competição improdutiva pelo caminho do status social. Uma
desastrosa indução ao consumo justificada pelo direito à igualdade de consumir
sem limites. A dívida tomou o lugar da poupança.
A igualdade social só é possível se a comunidade se
mantiver dentro dos limites finitos dos bens disponíveis no planeta
circunscritos a cada região habitada. Pode-se, por exemplo, produzir menos
carros para uso individual com a recapacitação para outras atividades
ecológicas de trabalhadores a serem dispensados de suas empresas.
Os recursos de uma nova estrutura evolutiva da
economia da escassez e do consumo compulsivo à prosperidade compartilhada devem
vir das próprias empresas montadoras de autopeças em parceria com o Estado.
Uma gama de serviços sociais na área da saúde, da
educação, de amparo aos idosos e crianças, de lazer criativo na arte e na
música, visita a museus e bibliotecas, de desfrute das belezas naturais, de
limpeza e ajardinamento urbano melhoraria o ambiente, humanizaria a convivência
e daria novo rumo à lógica social.
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