quinta-feira, 29 de maio de 2025

"SENATUS" ou VELHOS GAGÁS

 

"SENATUS", de origem latina, significa "conselho de anciãos", ora direis!!!

Ao ouvir um senador repreendendo a ministra do Meio Ambiente com estas palavras: ─ ¨A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do país¨ ─ compreendi minha intuitiva decisão de respeitar, ao longo de 51 anos, a lenta regeneração de setenta (70) hectares de Cerrado. Sou hóspede desta biocomunidade que abriga generosamente seres humanos e não humanos, alegra a biodiversidade e sustenta a teia da vida.

700.000 árvores, milhares de arbustos e gramíneas são antidesenvolvimentistas. Os 70 hectares, se libertaram da ganância humana. Não alimentam possíveis 70 bovinos.  Não produzem 350 ton. de soja. Não exportam jacarandás, cajazeiras, angicos, copaíbas, embiruçus, guapevas, jequitibás.

Corajosa e eficazmente, recebem e retêm, cada ano, 840 milhões de litros de água para revigorar nascentes e recarregar aquíferos. Os 70 hectares antidesenvolvimentistas podem reter 2.240 t de CO2 e devolver, diariamente, outras tantas de oxigênio limpo.

A natureza das coisas e da vida mostrou-me o caminho da felicidade possível. O capitalismo inadministrável aprisionou a teia da vida, humana e não humana, num labirinto político-econômico. 

Para Marina Silva

A natureza te abraça.

 

 

REALIDADE AMBIENTAL E URBANA

 

REALIDADE AMBIENTAL E URBANA

Até quando o Cerrado vai resistir à realidade da devastação ambiental? Até quando Brasília vai aguentar a realidade urbana de milhares de automóveis poluidores do ar, do fogo criminoso e do ataque sorrateiro às invasões de áreas de proteção permanente? Os apelos, gritos e as inócuas boas intenções de órgãos públicos, os alertas da especialista professora Mercedes Bustamante, em defesa e proteção da privilegiada biodiversidade do Cerrado, exemplificam a realidade ambiental e se perdem na indiferença do cidadão e na ausência de fiscalização educativa. Bilhões de metros cúbicos de águas pluviais, anualmente, são expulsos pela impermeabilização. Esta é a realidade urbana. Lixo esparramado à beira das rodovias do DF contaminando as heroicas nascentes desfalecidas. Esta é a realidade ambiental. Protejo, há 51 anos, a regeneração de 70 hectares de Cerrado, no Distrito Federal, declarados pelo Ibram/Sema, primeira reserva distrital do patrimônio nacional, em caráter perpétuo, como presente aos 65 anos de Brasília. Esta é a realidade pela qual viveu o fotógrafo humanista Sebastião Salgado.         

Eugênio Giovenardi, Sítio Neves,  DF.


 

sábado, 17 de maio de 2025

EUGÊNIO GIOVENARDI por Gilberto Cunha

 EUGÊNIO GIOVENARDI

Gilberto Cunha

 Eugênio Giovenardi tem 90 anos e é natural de Casca, RS. É filósofo, sociólogo e escritor. Vive em Brasília desde 1972. Foi consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT/PNUD/ONU) e teve destacada atuação na América Latina, especialmente na Colômbia, onde trabalhou na promoção do desenvolvimento agroindustrial de pequenas comunidades rurais marcadas pela presença das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e do Exército de Libertação Nacional (ELN). Integra o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e faz parte da Academia de Letras do Brasil. Escreveu centenas de artigos e publicou 28 livros. Tem um sítio nos arredores da Capital Federal e é casado com a jornalista e tradutora finlandesa Hikka Mäki, uma filha, Aino Alexandra, e duas netas, Luiza e Laura.

Ainda que aparente, a breve síntese do parágrafo anterior, ao estilo “eis o homem”, na tradução das palavras latinas, “ecce homo”, usadas pelo governador romano Pôncio Pilatos ao, lavando as mãos, apresentar Jesus de Nazaré à multidão que selaria o seu destino, não diz nada (ou muito pouco) sobre o principal legado intelectual deixado por Eugênio Giovenardi.

Quanto à sua relação com Passo Fundo, além da proximidade da terra natal, Casca, Giovenardi mantém laços fraternos com o Professor Egídio Ferronatto, principal entusiasta local da sua obra, iniciados no Seminário Seráfico da Ordem dos Frades Capuchinhos, em Veranópolis, e que acabariam reatados 50 anos mais tarde. Inclusive, Giovenardi esteve na nossa cidade, algumas vezes. Lançando o livro “As pedras de Roma”, no dia 4 de novembro de 2009, na extinta Livraria Nobel do Bella Città Shopping Center, ou para visitas ao amigo Egídio Ferronatto. Numa dessas, em 11 de janeiro de 2017, tive o privilégio de ser agraciado com exemplar, autografado, do livro “Uma obra em verde”, cujo título foi inspirado no livro “Obra em negro”, da escritora Marguerite Yourcenar. E, para minha satisfação, mais uma vez por intermédio do Professor Egídio Ferronato, recebi, recentemente, também com dedicatória muito amável, o novo livro do Eugênio Giovenardi, “Os Fugitivos da Água”, lançamento de 2025.

Eugênio Giovenardi é um dos pioneiros, quem sabe o pioneiro, no Brasil, no trato da relação, nem sempre percebida e aceita, que há entre a sociedade humana e o ambiente natural, que se entende por ecossociologia. Quando os pressupostos da sociologia e da ecologia, simultaneamente, devem ser levados em consideração, a partir da complexa interação que há entre as ciências naturais e as ciências sociais. E Giovenardi faz isso com maestria, tanto nos domínios teóricos, a partir da sua formação em Sociologia pela UFRGS, aperfeiçoada na Universidade de Paris (antiga Sorbonne), quanto práticos, com a experiência que, desde 1974, tem levado a cabo no Sítio das Neves, atualmente convertido em Reserva Perpétua do Território Nacional. Não obstante esse reconhecimento, o Sítio das Neves não está imune à ameaça dos incêndios que atingem o bioma Cerrado. Apenas como exemplo, do tipo de coisa, quando envolve a ação humana, que trata a ecossociologia.

Na obra “Os Fugitivos da Água”, Eugênio Giovenardi põe em evidência a sua bagagem cultural e de conhecimento sobre acordos diplomáticos e programas globais para o meio ambiente, nem sempre factíveis no mundo real, ao tratar da mudança do clima global e das responsabilidades humanas. As diversas nuanças do tema foram postas nesse romance, muito bem-escrito, de leitura agradável e que se passa no ano 2140. Infelizmente, nem ele, nem o colunista e nem você leitor estará por aqui para saber se, realmente, aconteceu daquela forma. Mas, atenção, muitas das coisas postas por Giovenardi para o século XXII poderão acontecer antes, uma vez que, como destaca ele, não temos nos mostrados capazes de qualquer razoabilidade diante da realidade!

O enredo de “Os Fugitivos da Água”, por criar um futuro (quase) distópico, é um alerta de que o estado de emergência climática, que ora assola o mundo, apesar de negado por muitos, não pode ser mais ignorado. No caráter de distopia, lembra os clássicos “1984”, de George Orwell, e “O Conto da Aia”, de Margaret Atwood, que se prestam, em meio à cegueira que acomete muita gente, para iluminar o que poderia acontecer quando se flerta com o autoritarismo e a democracia é deixada de lado.

Não é difícil, com certa atenção, identificar a relação que há entre personagens fictícios, criados por Eugênio Giovenardi, e reais. Apenas como exemplo, o narrador “Seven Oitis”, naturólogo e licenciado em Inteligência Ambiental, é o Sítio Neves. O professor Egfer, licenciado em Artes da Natureza, é o Professor Egídio Ferronatto. O físico nuclear Nosrac Lechar é a bióloga e escritora Rachel Carson. E o seu livro “Outono sem fim”, publicado em 2119, seria a versão futurística do clássico “Primavera silenciosa”, de 1962.

30,4,2025

sexta-feira, 9 de maio de 2025

VER E OUVIR ESTRELAS

 

VER E OUVIR ESTRELAS

 

Bilhões e bilhões de astros

Vagueiam pelo universo.

No silêncio da madrugada

Saio para ver estrelas

Na escuridão da mata.

Espiam por entre a ramagem

De copaíbas e jatobás.

As Três Marias inseparáveis

Riem das travessuras de Canopus,

Cortejam a Cruz do Sul.

No amplo céu azul milhares de olhos

Contemplam a menininha Terra

Tão pequenininha de tranças verdes.

Na Constelação de Touro

Vestida de manto rúbeo transparente,

Aldebarã recebe os cortesãos

Do império celestial.

Vejo passar, no diáfano salão,

A sombra do amigo Engenio Pedro

Rodeado de Neandertais, e com eles,

Carl Sagan e o povo das Galáxias.

Generosa acolhe os recém-chegados,

Ricardo Libanio e Vladimir Carvalho,

Que esperam meu desembarque

Para um eterno happy hour.

AS PEDRAS DE ROMA

 AS PEDRAS DE ROMA

Publiquei este romance histórico em 2009, (308 pág, traduzido para o inglês). Escrito durante 6 anos, com três viagens de pesquisa nas regiões de Florença, Roma, Bolonha, Módena, Ferrara, Avinhão, áreas de influência da Família Medici. Giovanni, filho de Lorenzo de Medici, banqueiro, comerciante de sedas da China, feito cardeal aos 13 anos, foi eleito papa em 1513 e morreu em 1521.
Foi encarregado de recolher os votos dos cardeais no conclave. Surpresa dele e do mundo: ao abrir os votos ele foi o eleito. Entrou cardeal, saiu papa.
Sucedeu a Júlio II, depois do desastre pontifício de Alexandre VI, pai da irresistível Lucrécia Borgia, que administrou o Vaticano, durante a ausência do papa-pai. As mulheres de hoje não lembram da papisa Joana, feminista do século IX, que pontificou durante 3 anos. 113 cardeais e nenhum comentário sobre a perspectiva de uma cardeala na cadeira papal.
O Renascimento conheceu Michelangelo, Rafael, Leonardo da Vinci, Maquiavel e descobriu os caminhos da Índia onde florescia a civilização Maia no México, os Incas no Peru e os Guaranis no Brasil.
Giovanni tomou o nome de Leão X.
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Daniel Barros

quinta-feira, 1 de maio de 2025

AS PIABAS DO CERRADO

 

AS PIABAS DO CERRADO

Nos riachos de águas transparentes,

No silêncio escuro dessas matas

Entre pedras milenares do Cerrado,

Dezenas, centenas ou milhares

Sobem e descem, saltam cachoeiras,

Dançam reluzentes as piabas.

Sentem meus passos sobre a areia

Vêm me saudar em visível alegria.

Irrequietas me olham. Falo com elas.

Mergulho a mão na água fria.

Sem medo, abocanham as migalhas,

Atrevidas, beijam-me os dedos

E fogem sorridentes.

Seu eu fosse um peixinho

E soubesse nadar

Eu ficava com elas

Sem me afogar.

CHUVAS DE ABRIL ▬ ANOS 2013 a 2025

 

CHUVAS DE ABRIL  ▬  ANOS 2013 a 2025

SÍTIO DAS NEVES – BR 060 – KM 26 – DF -

Em milímetros ─ 1 mm = 1 litro/m2    

 MÊS                                      MM/MÊS           TOTAL/ANO/ MM

 

2013                               –         554.5               2.255,6

2014                               –         371.9               1.677,5

2015                               –         299,4               1.642,7

2016                               -              8,0               1.921,7

2017                               ─           56.7               1.478,7

2018                               –          111,3               1.760.5

2019                               –          180,1               1.069.3

2020                               ─         149,2                1.787,8

2021                                ─          62.2               1.710.8

2022                               ─           74,5               1.279,2 

2023                               ─            73,4               1.323.4 

2024                               ─            52,0               1.770,9

2025                                          116,6                   510,8 (no ano)

 

Durante 156 meses (doze anos), registro e publico os volumes de chuva, captados pelo pluviômetro autorizado pela Agência Nacional de Águas, na área da Bacia Hidrográfica do Ribeirão das Lajes. É lamentável que mais da metade do bioma Cerrado esteja sendo desvirtuado. A regeneração de uma área, para o bom funcionamento de uma floresta, leva mais de 50 anos. Nos últimos 13 anos, o volume de águas do período chuvoso vem diminuindo alarmantemente, acompanhado de tempestades arrasadoras e letais.

O Sitio das Neves (700.000 m2) recebeu, ao longo do mês, 81.620.000 de litros, com média diária de 2.720.666 litros/dia, totalmente detida pelo colchão de gramíneas nativas, O acumulado de chuvas do ano de 2025, é de 510,8 mm (ou litros por m2,) na região da microbacia do Ribeirão das Lajes, no Distrito Federal.   

Por incúria da administração do GDF e ausência de planejamento hídrico, para recarga dos aquíferos, a maior parte das águas de abril de 2025, caídas na área do DF, 90%, a olhos vistos, se perdeu asfalto abaixo sem alimentar nossos aquíferos. Os investimentos se amontoam águas abaixo e não águas acima onde estão as nascentes que garantem ocurso dos rios e as represas.

 O primeiro gráfico registra 12 dias de chuva no mês de abril de 2025 e apenas cinco dias com volume acima de 15 mm.

O segundo gráfico mostra o volume de chuvas no mês de ABRIL dos 13 anos. Clara irregularidade das chuvas.

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