(Foto, Eugênio Giovenardi: Biocomunidade Sítio das Neves)
CONFUSÃO ENTRE RETIRAR ÁGUA DE RESERVATÓRIOS E CAPTAR ÁGUAS DA CHUVA.
Dizem os administradores que estão captando água do Lago Paranoá, do
Bananal e, futuramente, do Corumbá para levá-la em maior volume à população. Retirar
é remover, tirar, deslocar
alguma coisa de um lugar e levá-la para outro. Captar é colher alguma coisa
para guardar e usar oportunamente.
O que se faz atualmente é retirar águas represadas de rios
e transferi-las às torneiras dos usuários. Ou seja, mais água na torneira e
menos água no reservatório. Retirar não é captar.
Confunde-se a tecnologia, desinforma-se e deseduca-se o cidadão. Captar
água da chuva é recolhê-la com técnicas simples, como a reflorestação, para aumentar
o estoque de água disponível nas raízes das árvores e nos mananciais que
alimentam nascentes e córregos. Ou com técnicas de engenharia para acumulá-la em
reservatórios e posterior distribuição à população. Com técnicas adequadas pode-se
captar água da chuva em prédios, em cisternas, em espaços de condomínios e telhados
de casas.
O uso alternativo da água da chuva reduz fortemente a pressão sobre os
aquíferos, nascentes, córregos e rios que alimentam os reservatórios. Um
edifício de seis andares com uma superfície de 2.400 m2
pode recolher 240.000 litros com uma precipitação de 100 mm na temporada chuvosa
(a média de chuva por temporada é de 1.600 mm), quantidade suficiente de água
para o uso alternativo. Alguns prédios, em Brasília, adotaram essa prática com
reservatórios de 60.000 litros para limpeza, irrigação e outros usos.
Captação da água da chuva é uma atividade essencial que pode levar anos
até os resultados serem considerados satisfatórios. Os administradores da água, com a colaboração de universidades, deveriam patrocinar estudos, promover incentivos financeiros e disseminar
práticas adequadas para criar um sistema de captação ampla de águas da chuva em
comunidades, no campo e na cidade. A captação inclui a preservação da vegetação
nativa de grande extensão em volta das nascentes. A vegetação do Cerrado tem 60
milhões de anos de experiência no ramo da captação, retenção e infiltração da
água das chuvas. Há algo errado nos céus da nação brasileira. Temos tecnologia,
temos engenheiros, temos dinheiro descendo pelos ralos abertos. Por que não
temos uma política pública para captação de águas da chuva?
Chuva é a principal fonte de água para dessedentar
seres vivos, reavivar nascentes, formar rios e alimentar reservatórios.
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