Tenho participado de debates e propostas sobre o
consumo de água no DF promovidos por organismos públicos – Adasa, ANA, Sema,
Ibram, Segeth, Caesb, MMA, Ibama. Iniciativas necessárias em vista da escassez
de água no DF e do aumento da população urbana e rural num montante de 65.000
novos habitantes por ano. É como se uma Vicente Pires surgisse a cada ano. Caos
administrativo.
O número de poços artesianos cresceu
desmesuradamente. A perfuração desses poços não tem controle adequado. A Adasa
contabiliza mais de 30 mil poços, dois terços deles sem autorização de
funcionamento. Poço artesiano esgota nascentes.
O período de estiagem no DF, que vai de maio a
outubro, é o tempo adequado para que a população e os órgãos públicos se
preparem para não só receber, como e especialmente para captar e reter as águas
da chuva no campo e na cidade. Como todos sabem, os países tropicais não contam
com geleiras nem com neves. Nossa única fonte de recarga das nascentes, dos
rios e aquíferos subterrâneos é a chuva. Estranhamente, a captação das águas da
chuva não entra nessas discussões, nem há propostas concretas para que isto
aconteça.
As árvores são a primeira barragem de captação e detenção
das águas da chuva. A maioria das cidades satélites está nua de árvores e
coberta de asfalto. Duas condições eficazes para impedir a captação de água,
levar lixo e sedimentos aos córregos e, por falta de escoamento tubular,
invadir casas e causar mortes. A captação de água em edifícios e em poços
subterrâneos nas cidades, a exemplo do Japão, deveria ser prioridade para os
administradores, engenheiros, arquitetos e urbanistas.
A captação de águas pluviais no meio rural é um tema
desconhecido. Há, relativamente à água, duas formas de agricultura: as grandes plantações
que consomem muita água subterrânea e a pequena produção que não pratica os
mais rudimentares artifícios para captar suficiente volume de água para suas
necessidades.
Neste período de estiagem de seis meses, enquanto
muitas espécies vegetais se despem de folhas e economizam água, a espécie
humana urbana e rural – homo sapiens –
consome irracionalmente.
(amanhã, Aritmética da água)
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