(Foto Eugênio Giovenardi. Construção de barragens para captação de águas da chuva, Sítio das Neves.)
Os
brasilienses estão sentindo na pele o calor de 37º. Pelas ruas, no
supermercado, na farmácia as pessoas se abanam com o ar escaldante. De onde vem
tanta secura? No mês de agosto de 2014 e de 2015 não caiu uma só gota de água
no Distrito Federal. No mês de setembro de 2014, o tempo nos brindou com 31 mm
e, em setembro de 2015, com 39 mm. No mês de outubro, até hoje, nenhuma gota. Essas
águas do período chuvoso foram insuficientes para recarregar os aquíferos. A escassez
de chuva e o alto consumo da população fazem os córregos correrem secos e as
represas baixarem o volume a menos de 20% de sua capacidade. Enquanto a ordem
oficial é poupar água da torneira, a Geodril Poços Artesianos, a Fluxor Poços
Artesianos, a Capital Artesiano, a Alberton Poços Artesianos, a Hidroluz Poços
Artesianos perfuram a rocha em busca de água para atender os que podem pagar 20
a 30 mil reais por ponto. A Adasa, dados de 2011, indica que dos 36.500 poços
artesianos, 6.500 estão registrados no órgão fiscalizador e 20 mil são ilegais,
em condomínios piratas e em invasões, ameaçando os aquíferos do DF. Se a Adasa
sabe que são ilegais e onde estão, por que não foram interditados e os
solicitantes multados?
Nem
os consumidores clandestinos de água, nem os perfuradores de poços artesianos obedecem
às normas de outorga estabelecidas pela Adasa. A fiscalização ao cumprimento
das normas é uma deficiência crônica do serviço público. A indisciplina, a desobediência
e indiferença do cidadão contribuem para a situação caótica do acesso à água. E
a complicação não fica por aí. Brasília cresce na proporção de um Núcleo
Bandeirante ao ano. Quem, em sã consciência, se diz capaz de administrar uma
cidade que a cada ano aumenta em 44 mil habitantes? O tema superpopulação continua
sendo um tabu cultural.
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