Ouvi, há poucos dias, uma entrevista inquietante divulgada
por uma emissora de rádio de cobertura nacional. O entrevistado dava o Brasil
como exemplo de preservação de florestas e biomas. Reforçava o êxito do
agronegócio, o sucesso das supersafras de produção de alimentos para o mundo.
Brasil, celeiro da humanidade.
Cantou números com voz de barítono. “Temos 190 milhões
de ha para manejo de 196 milhões de bovinos; 60 milhões de ha para grãos, isto
é, comida, transformada em commodities; 30 milhões de ha ocupados com cidades,
rodovias, aeroportos, indústrias, etc., perfazendo apenas 280 milhões de ha. O Brasil
tem 850 milhões de hectares. Restam, portanto. 570 milhões de ha para a Floresta
Amazônica, Cerrado, Mangues, Pampa, Pantanal, Mata Atlântica, Sertão Árido e Semiárido,
Zona da Mata”.
A conclusão do entrevistado, expressa em tom de assertiva
científica: “Se estas são as informações oficiais que temos, por que essa discussão
em torno do Código Florestal”?
O entrevistado despediu-se dos ouvintes. Esqueceu-se de
mencionar como as áreas ocupadas, desocupadas e degradadas estão sendo tratadas,
nem suas consequências sobre o clima do país e do planeta. Nem o entrevistador lhe
perguntou.
O Brasil é frequentemente oferecido, com ufanismo, como
um exemplo para o mundo.
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