quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

HOMO SAPIENS EM EXTINÇÃO

O tigre de Bengala, o urso panda e o coala-la-la, entre tantos outros animais que desapareceram, afastados de seu habitat, foram dados como espécies em extinção. As declarações do Clube de Roma, no início da década de 1970, os alarmes do PCC, em 2005/06 e o fracasso da COP15, em 2009, indicam que a espécie homo sapiens, o animal inteligente, está em extinção.
O homo sapiens intensificou, nos últimos cinco séculos, a degeneração quando não a destruição de seu habitat. Um erro fatal de interpretação o levou a projetar sua própria catástrofe. A mente delirante de um condutor de povos ordenou: crescei e multiplicai-vos, dominai a Terra. Esta é a lógica que orienta, até hoje, o pensamento do homo sapiens, suas atitudes, suas explorações e seu comportamento em relação à Natureza e ao habitat de sobrevivência.
A superpopulação de homo sapiens arrasa, em todas as regiões do globo, as melhores áreas que lhe poderiam dar conforto necessário e suficiente. A superpopulação está dividida entre os que têm mais e os que nada possuem, sequer o necessário. A exploração da Terra e a tentativa de seu domínio, hoje em voga, não são adequadas à garantia da sobrevivência da espécie humana.
A sobrevivência das espécies está relacionada aos elementos necessários à manutenção do desenvolvimento ótimo de seu organismo. Ora, as relações do homo sapiens com a Natureza são de esgotamento de sua potencialidade e não do aproveitamento racional dos elementos de sobrevivência confortável da espécie.
A irracionalidade do crescimento populacional induz à busca desenfreada de elementos de sobrevivência que desemboca na luta física da vida “que os pobres abate e os fortes só pode exaltar”. As iniciativas da agricultura, da indústria e do comércio exploram ao extremo o potencial das riquezas naturais e a capacidade do ser humano de consumi-las. Nesse processo de esgotamento do habitat propício à sobrevivência de nossa espécie concorrem todos os elementos da organização social e de expressão política e econômica dos mais fortes sobre os mais fracos.
O mais claro desvirtuamento do cérebro do homo sapiens em busca da sobrevivência está na desabalada corrida atrás do crescimento econômico instigado por índices do produto interno bruto como elemento de adoração divina, medidor de esperteza administrativa, garantia do prestígio político e massageador do poder sem limites. E, de roldão, nosso habitat é devastado, não bastassem as guerras que arrasam o ambiente com seus habitantes. As chuvas benéficas nos deixam sem água em milhares de casas alagadas pela displicência dos habitantes e incúria dos administradores das cidades. Ficamos sem energia elétrica e os moradores das encostas malcuidadas soterrados e mudos ao lado do celular de última geração.
O crescimento econômico sem limites governado pelo deus PIB é estimulado com discursos de grandes chefes, com táticas de banqueiros, com a clarividência dos analistas financeiros e o entusiasmo de repórteres e jornalistas de shoppings. E a cabeça atônita do homo sapiens vive de fatalidades, inebriada pela ambição do supérfluo, e privada, cada dia mais rigorosamente, do necessário conforto.
É preciso salvar o urso panda sem esquecer-se do risco de extinção do homo sapiens.

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