A COP/30 E O CERRADO
Convivo com o Cerrado, berço das águas, há 52 anos. Sobre ele se erguem cidades, rodovias, campos de soja, pastagens de gado, desviam-se rios, cobrem-se fontes de água, empobrece-se a biodiversidade vegetal e animal. O Cerrado sofre de hemorragia incontrolada e o sangramento é visível em todos os ecossistemas do generoso bioma. O estado de palidez é emergencial e demanda atenção ecológica imediata. “O Cerrado tem pressa”, escreveu o
engenheiro florestal CESAR VICTOR DO ESPÍRITO SANTO. Diante de tudo o que se ouve e vê, fica a impressão de que o Cerrado não faz parte do Ministério do Meio Ambiente. Entre 2019 e 2025, segundo fontes preliminares do Prodes/Inpe, foram desmatados cerca de 15 mil km2 de Cerrado, três vezes o tamanho do Distrito Federal. O Cerrado já perdeu a potência de 1.100.000 km2. Se a COP/30 ficar apenas em Belém e na Foz do Amazonas, a caixa d´água do Cerrado cobrará a conta nos próximos cinco anos. As chuvas atrasadas, deste ano 2025, absorvidas por queimadas, campos desnudos de soja, impermeabilização das cidades do Planalto Central e a invasão de poços artesianos levarão mais de 10 anos para chegar aos aquíferos. Neste período longo de estiagem, que ainda não acabou, muitas nascentes diminuíram drasticamente a vazão ou secaram. As águas dos pequenos córregos se esconderam na areia e submergiram. Os biomas do Brasil não são independentes. Eles se comunicam e se complementam. A destruição do Cerrado é a catástrofe para oito das extensas bacias fluviais do Brasil. As águas do Cerrado sao EEMENDADAS.
Imagem: A função da vegetação nativa é reter as águas da chuva e facilitar sua infiltração e percolação até os lagos interiores ou aquíferos. (Biocomunidade Sítio Neves, DF. Foto: Eugenio Giovenardi)
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