terça-feira, 29 de abril de 2025

A PEDRA É UM SER SOCIAL

 A PEDRA É UM SER SOCIAL

Sento sobre uma pedra milenar
À beira de um arroio antigo.
A rocha, o granito, o calhau,
O quartzo, o xisto, o cristal,
Olham-me serenos, em silêncio loquaz.
Contam-me velhas histórias
Das eras do indeciso caos.
Comove-me o diálogo pétreo,
O sorriso tímido, colorido.
As pedras rolam sem destino certo.
Acolho os seres pétreos solitários
Que tombaram pelo caminho.
Sento-os no beiral da janela,
Aperto-os na mão trêmula,
Conto-lhes as inseguranças dos dias.
As pedras milenares do riacho
Me ensinam, com mudez serena,
A perenidade fugaz do tempo.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A REDE OCULTA DAS ÁRVORES

 

A REDE OCULTA DAS ÁRVORES

 

Mergulhei o olhar inquieto

No subsolo da mata úmida.

Uma rede ordenada de raízes

Levava líquidas mensagens

A um lago cristalino.

Uma raiz humilde

Percebeu meu espanto.

E me disse confiante:

Eu sou uma árvore

E todas somos a floresta.

Compreendi atônito

Que sou uma raiz humana

E todas somos a humanidade

A caminho de luz e paz.

 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

O SEGREDO DA NATUREZA

 

O SEGREDO DA NATUREZA

 Entrei devagarinho

Na mata silenciosa.

Abracei a árvore

Que me olhava.

Percebi que a casca,

Esbranquiçada, tremeu

E as folhas se arrepiaram

Como se tivesse tocado

Em seu sexo profundo.

Uma revelação

Me despertou atenção

E compreendi

Que o sexo regenerativo

Da Natureza

Está nas árvores.