(Foto: Pimenta de macaco)
Estamos acostumados a discutir aspectos da superestrutura das relações humanas na economia, na política, na cultura. Nestas notas, penetra-se na infraestrutura da sobrevivência e reprodução da vida e da interdependência de todos os seres vivos.
A transição da economia capitalista para a economia
ecológica requer um novo olhar sobre a organização da natureza. A satisfação
das necessidades vitais de reprodução da vida está relacionada ao uso dos bens
oferecidos pela natureza: água e alimentos.
Os bens que garantem a continuidade da vida são
limitados no espaço do planeta e no tempo de sua disponibilidade. A economia
ecológica obedecerá a um sistema de administração desses bens para satisfação
de necessidades vitais. O ponto de equilíbrio entre o uso ou produção de bens e
o tempo de regeneração e recomposição dos elementos orgânicos é uma garantia de
durabilidade da oferta natural. A experiência humana registra um sério
descompasso: a natureza leva anos ou milênios para recompor o que se subtraiu
dela em poucos meses.
O reinvestimento da natureza para o oferecimento de
novos bens, no mesmo espaço, requer tempo. É possível determinar o ponto de
equilíbrio entre o uso ou produção de bens e o tempo de sua reprodução. Os
ciclos naturais e as estações do ano são os elementos fundamentais da equação.
Mas o uso dos bens disponíveis para conservação e
reprodução da vida depende do número de consumidores. O número de consumidores
deve adequar-se à quantidade de bens naturais para que a regeneração se faça no
espaço limitado e no tempo diferenciado para cada item da oferta.
Um espaço do qual se retirou uma tonelada de alimentos
com o consumo de 1.000 litros de água só alcançara o ponto de equilíbrio se
houver tempo para o retorno da água e dos elementos necessários à reprodução de
nova safra. Hoje, os processos produtivos esgotam o solo e sua recomposição se
faz artificialmente com elementos químicos e pivôs centrais de irrigação.
Processos produtivos que ao longo dos anos destroem a biodiversidade e estendem
as zonas de desertos.
O sistema capitalista de produção de bens é
antinatural. Contraria os fundamentos matemáticos e se afasta irracionalmente
do ponto de equilíbrio sugerido pela economia ecológica.
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