(Foto Eugênio Giovenardi: de quem é a casa?)
Compreender a estrutura funcional da organização da natureza é tarefa
pós-moderna e urgente. Há três bilhões de anos a vida se estabeleceu, se
diversificou e ocupou o planeta graças ao Sol, ao vento e a água. A
biodiversidade é a fórmula derivada da natureza para que a pluralidade de
formas de vida continue segundo as leis da evolução. Biodiversidade quer dizer
uma vida intimamente ligada a outra. Uma meticulosa rede de relações e de
interdependências. Ao extinguir espécies fere-se e rompe-se a fórmula da
biodiversidade. O desaparecimento de algumas espécies ocasiona a extinção de
outras. Quando uma espécie morre ou desaparece, não há tecnologia que a
ressuscite.
O que a espécie humana faz em nome do crescimento econômico é encurtar seu
tempo de existência no planeta. A bandeira da sustentabilidade é desfraldada
por todos os regimes políticos, por sistemas econômicos de diferente
orientação, por instituições bancárias, agrícolas, comerciais, industriais.
Sustentabilidade ecológica é a preservação universal da biodiversidade
cujas vidas se integram nas redes de interdependência oferecidas pela natureza.
Sustentabilidade do crescimento econômico é apenas garantir alimento e conforto
a 7 ou 10 bilhões de pessoas. Sustentabilidade da biodiversidade é assegurar a
vida a trilhões de seres.
A natureza não é uma colcha de retalhos justapostos. Ela é um conjunto
de temas – sistema – que atua coordenadamente e ao mesmo tempo.
Acostumamos o cérebro a separar o urbano do rural, o individual do
coletivo, o político do econômico, o cultural do religioso, o eu do outro eu, o
humano do vegetal e do animal. E sem nossa participação ou decisão, a natureza
segue silenciosa sua tarefa de manter a vida em seus devidos espaços e ao longo
de um tempo indeterminado.
A natureza é a gestora das leis físicas. Essas são as forças
orientadoras da natureza. Lucrécio, poeta latino, (a.C.) resumiu essa
conjugação de leis expressas no espaço e no tempo: as coisas da natureza (De
rerum natura).
Há que levar ao cérebro humano informações limpas, colhidas diretamente
da natureza, para que novas iniciativas sejam oferecidas por ele às pessoas. O
pacote cultural transmitido pelos genes que deixamos a nossos descendentes está
eivado de vícios, espertezas, mentiras e mitos. Com novas informações levadas
ao cérebro sobre biodiversidade, redes de interdependência e integração de
todas as espécies no mesmo sistema vital, mudam-se os comportamentos, as
relações e a convivência com a natureza.
Os fundamentos da educação residem na capacidade dos sentidos de levar
informações ao cérebro para que ele as associe e recomende ações adequadas à
sobrevivência da espécie humana, parte importante, mas minúscula da
biodiversidade.
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