Regenerar uma área degradada e preservar suas
características naturais requerem tempo, trabalho, paciência e investimento. Em
resumo: tempo e dinheiro. Para cada real de degradação, há que se investir
cinco para regenerar o bioma. O que se desfaz em poucas horas, levam-se anos
para refazer.
Em quarenta anos – metade de minha vida – tive tempo
para conhecer as coisas da natureza, o funcionamento das leis biológicas e o
sentido da ecologia.
Com a ajuda de erros de iniciante, a natureza me
ensinou gradualmente a estabelecer com ela critérios de equilíbrio para a
convivência e sobrevivência das múltiplas vidas que respiram o mesmo ar.
As normas da biocomunidade se consolidaram. Estabeleceram-se
entre mim e ela laços de convivência e ternura.
Creio que a relação árvore-água seja o toque mágico
da regeneração biológica e o caminho para o equilíbrio natural da
interdependência das espécies vivas.
A domesticação de animais pode ser tão prejudicial
quanto a não educação de crianças. Transmite-se aos domesticados o mesmo pacote
de comportamentos que os humanos impõem à natureza. Os domesticados precisam
dos mesmos cuidados oferecidos a seus donos.
No Sítio das Neves, as aves nativas se misturam com
as domésticas em livre circulação, na busca de alimentos e na escolha de lugar
para se aninharem e reproduzirem. Todas têm em comum o risco de predadores que
compartem com elas o mesmo espaço.
Das frutas que aqui se adaptaram, sem alterar em
nada o funcionamento da preservação – dito sustentável –, além de alimentar-me
delas, as transformo em farinhas, sucos, licores, compotas, pastas e geleias:
pitangas, jabuticabas, goiabas, bananas, mangabas, bacuparis, mirtilo, limões,
acerolas, jamelão, jerivá, cajá, jatobá.
É uma fonte minúscula de sustentação financeira da
regeneração e preservação ambiental.
Aprendi, nesses 40 anos, que o olho d’água forma o
riacho e a gota d’água se soma ao mar. As árvores do Sítio das Neves fazem
parte das remanescentes florestas do planeta e os olhos d’água daqui namoram as
estrelas-do-mar.
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