HOMENAGEM A MANOEL DE BARROS
(Foto: Eugênio Giovenardi, Sítio das Neves, DF)
Se não quiserem ouvir especialistas, desmatadores,
ouçam os golpes certeiros do poeta e envergonhem-se.
A ÁRVORE DA SERRA
– As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
– Meu pai, por que
sua ira não se acalma?
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?1
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh’alma!...
– Disse – e ajoelhou-se, numa rogativa:
“Não mate a árvore, pai, para que eu viva!”
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
Augusto dos Anjos
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