quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ADENDO AO CRESCIMENTO ZERO

(Estas flores desapareceriam, em 2050, com o ritmo de crescimento econômico em vigor.)

Para os que acompanham meus comentários sobre a tendência inevitável de a humanidade caminhar para o crescimento zero, agrego alguns dados de economistas australianos sobre o tema.
Há três pilares que sustentam o crescimento zero: mudança gradual dos hábitos de consumo freando o consumismo, investimentos em prioridades humanas: alimentação, vestuário, moradia adequada segundo as necessidades universalizadas e planejamento familiar democrático atingindo imediatamente todos os países do planeta.
Os pontos abaixo mencionados ilustram a magnitude da redução do atual crescimento baseado no PIB e no acúmulo crescente de riquezas em mãos privilegiadas se o ritmo atual de crescimento demográfico se mantém, mesmo em declínio.
* Se os 9 bilhões de pessoas que habitarão a Terra em quarenta anos utilizarem os recursos ao ritmo per capita dos países ricos, a produção anual de bens de consumo teria que ser oito vezes maior do que é hoje.
* Se os 9 bilhões consumirem uma dieta norte-americana, necessitaríamos de 4, 5 bilhões de hectares de cultivo, mas só dispomos de 1,4 bilhões de hectares de terra cultivada no planeta. A desertificação do planeta seria o suicídio.
* A disponibilidade hídrica é escassa e minguante. Qual será a situação se 9 bilhões queiram utilizar água como se faz nos países ricos e nas regiões privilegiadas de países emergentes, enquanto o problema dos gases estufa reduz a oferta de água? Hoje, 2 bilhões de pessoas não dispõem de água para beber e suprir necessidades mínimas.
* As zonas de pesca do mundo se encontram, hoje, em sérios problemas. A maioria com superexploração da pesca e redução de espécies. Que aconteceria se os 9 bilhões tentassem consumir peixe ao ritmo atual dos australianos?
* É provável que diversos tipos de minerais e de outro gênero escasseiem muito em breve, entre eles o gálio, o índio e o hélio. E há preocupação quanto ao cobre, zinco, prata e fósforo.
* É provável que comece a escassear o petróleo e o gás e que, em boa medida, não se possa dispor deles na segunda metade deste século. Se os 9 bilhões consumirem petróleo ao ritmo per capita australiano, a demanda mundial seria cinco vezes maior da que é atualmente. A gravidade disto é extrema, dada a onerosa dependência de nossa sociedade aos combustíveis líquidos. A exploração de outras energias além de cara é ainda incipiente.
* Análises recentes da “pegada ecológica” mostram que se necessitam oito hectares de terra produtiva a fim de proporcionar água, energia, terreno para assentamento humano e alimentos para uma pessoa que vive na Austrália (World Wildlife Fund, 2009). De maneira que se 9 bilhões vivessem como australianos, seriam necessários ao redor de 72 bilhões de hectares de terra produtiva. Porém, isso equivale a cerca de dez vezes toda a terra produtiva disponível no planeta. O planeta é um só.
      * O argumento mais inquietante é o que se refere a gases estufa. É muito provável que, com a finalidade de impedir que o conteúdo de carbono na atmosfera se eleve a níveis perigosos, se tenha que eliminar por completo as emissões de Co2 até o ano 2050 (Hansen, 2009, Meinschausen et al. 2009). Mas esta possibilidade é remota.
Os economistas que trabalham novas formas de produção e consumo diferentes das capitalistas, cujo modelo os países emergentes tentam a todo custo seguir em nome do PIB, se estribam no bom senso humano para a sobrevivência de todas as espécies vivas do planeta Terra.
Basear a economia no consumo obsessivo de bens úteis e inúteis, necessários e supérfluos com o fim de mostrar o crescimento do PIB e estar entre os quatro países que governam o mundo é trilhar o caminho certo do abismo.

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