A candidata, imposta por seu padrinho todo-poderoso, sabe que, se eleita, governará um país biomicamente riquíssimo, socialmente desigualíssimo, politicamente corrupto e atrasadíssimo. Precisará de forças extraterrestres, por isso se reuniu com evangélicos, com pastores e bispos de igrejas com ligação direta com Deus para comercializar fé, esperança, carro zero importado e fez compromissos com associações católicas contra o aborto.
Culminou sua religiosidade num ato público na Basílica de Aparecida do Norte para implorar a intercessão da Virgem Maria na decisão dos eleitores. De pé, no palanque levantado em frente à Basílica, rodeada da elite católica hierárquica, de olhos úmidos na Padroeira Negra do Brasil, a candidata ateia moveu os lábios e todos leram as palavras de seu ato de fé.
“Meu Deus, você não existe. Eu creio. Mas este povo que pretendo governar crê que você existe e acredita que eu também creio. E isto basta para mim. Perdoai-me por ludibriá-los. Perdoai a ignorância deles, pois não sabem o que eu penso de você.
Meus Deus, abençoai este povo que acredita em você e crê, ingenuamente, que eu também creio. Meu Deus, você não existe, mas no meu governo, respeitarei a fé deste povo bom e cordial. Amém!”
A candidata, com um sorriso pálido, abanou para a multidão que gritava:
VIVA NOSSA SENHORA APARECIDA, RAINHA DO BRASIL!
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