segunda-feira, 23 de março de 2009

O BRASIL QUE VAI BEM

Qual é o Brasil que vai bem? Pelas notícias da imprensa e de analistas da economia, o Brasil dos bancos, do grande comércio e da indústria de automóveis, ao lado da farra industrial dos cosméticos, vai muito bem.
O governo está protegendo esse Brasil contra o vendaval da crise que varre o mundo. Convencionou-se admitir que banco não pode falir. Outro Brasil que está bem é o do próprio governo. Aos administradores do país nada lhes falta. Cartões corporativos pagam contas milionárias. O Presidente viaja em avião próprio com seus apaniguados. Senadores e deputados federais avançam como abutres sobre os impostos pagos e justificam cinicamente a necessidade e o uso abusivo do dinheiro público e da remuneração que eles mesmos se atribuem.
O Brasil dos altos salários e das empresas estatais também vai muito bem. Comparem-se esses brasis com o imenso Brasil de 3 milhões de jovens que chegam ano a ano e ainda não sabem o que é emprego. Aos 10 milhões de desempregados que foram mandados para casa a explicar à esposa e aos filhos os tremendos efeitos da marola crônica. Aos 13 milhões de aposentados do salário mínimo, sobrecarregados de dívidas consignadas para regozijo dos bancos. Aos sessenta milhões agraciados com o Bolsa Família, aos favelados e aos moradores de rua. Percebe-se, então, qual é o Brasil que vai bem.
Os que habitam o Brasil que vai bem reconhecem com lágrimas nos olhos que cinquenta reais a mais aos proprietários gloriosos do salário mínimo são para eles uma imensa ajuda.
Cinquenta reais é o que o Brasil rico paga no happy hour no fim do dia, no bar da esquina. A diferença entre o Brasil que vai bem e o que vai menos bem é de cinquenta reais. Uns gastam por dia, outros, por mês.

Nenhum comentário: