Os cozinheiros
atuais do governo e os candidatos ao posto de chef oferecem o mesmo cardápio econômico nas mesmas travessas sem variações
substanciais no tempero. Desconhecem o paladar dos clientes que esperam na fila
com fome e sede de novas iguarias.
O que estão
oferecendo os cozinheiros de avental e touca, fogões acesos, sorrisos
temperados, panelas e frigideiras vazias? Todos dizem que vão preparar mais
pratos e melhores. Qual é o prato do dia desses cozinheiros? Inflação
descontrolada para uns e sob controle para outros, mas apimentada e salgada.
Dólar flutuante ao molho do mercado invisível mascarado de fantasma. Prometem
encher a barriga da família que é garantia de votos agradecidos que, segundo presumíveis
cozinheiros deveria se transformar em prato de lentilhas nacional e patriótico.
O sonho modesto da nova classe média se contentará com casa de 36 m2.
O grande sonho, com automóvel movido a gasolina, combustível fóssil e abundante
dose de CO2. O PIB continuará como ídolo do crescimento atropelando
os limites ecológicos e ambientais do país.
A violência
urbana contará com a contrapartida de milhares de efetivos militares de todos
os uniformes, armas e tanques, helicópteros e UPPs, garantindo os 50 mil
assassinatos anuais. O incentivo aos carros particulares, implícito em todos os
cardápios, com os milagres de excelência do pré-sal, transformarão as cidades
em restaurantes a céu aberto cujos clientes esperarão horas na fila para o
suculento banquete da competição consumista de status.
Os cozinheiros
prometem receitas sem gordura, feijoada lait, coca zero, temperos com fines herbes importadas para uma vida
saudável em spas hospitalares. Publicarão cartilhas de qualidade para
aperfeiçoar o paladar da clientela, fundamental para concursos que acenam com
salários de marajás políticos.
Alguém leu, viu
ou ouviu desses cozinheiros em perspectiva proporem uma revolução na receita do
tratamento dos esgotos urbanos e rurais? Na desocupação das margens dos rios?
No reflorestamento de milhões de hectares que limpariam as águas que passam por
milhares de cidades? Na captação de águas da chuva para evitar inundações
urbanas? Na coleta integral e racional de lixo que infesta as águas
superficiais e subterrâneas?
Como ficam,
então, os clientes? Terão que forçosamente escolher um cozinheiro, mas não
poderão fazer a comanda que desejam porque todos os restaurantes oferecem o
mesmo prato insosso. O mais inseguro na escolha do cozinheiro é que ele pode mudar
os temperos sem consultar o cliente e trocar os pratos do cardápio depois de feita
a comanda.
O país precisa
de cozinheiro que encha a barriga do cliente sem esvaziar-lhe a cabeça. Frei
Betto disse que os que ocupam a cozinha há doze anos “Nutriram o bolso, não a
consciência crítica”. O cozinheiro a comandar a cozinha em 2015, seguirá a
mesma receita?
24.6.2014