quarta-feira, 25 de junho de 2014

OS COZINHEIROS DA REPÚBLICA


Os cozinheiros atuais do governo e os candidatos ao posto de chef oferecem o mesmo cardápio econômico nas mesmas travessas sem variações substanciais no tempero. Desconhecem o paladar dos clientes que esperam na fila com fome e sede de novas iguarias.
O que estão oferecendo os cozinheiros de avental e touca, fogões acesos, sorrisos temperados, panelas e frigideiras vazias? Todos dizem que vão preparar mais pratos e melhores. Qual é o prato do dia desses cozinheiros? Inflação descontrolada para uns e sob controle para outros, mas apimentada e salgada. Dólar flutuante ao molho do mercado invisível mascarado de fantasma. Prometem encher a barriga da família que é garantia de votos agradecidos que, segundo presumíveis cozinheiros deveria se transformar em prato de lentilhas nacional e patriótico. O sonho modesto da nova classe média se contentará com casa de 36 m2. O grande sonho, com automóvel movido a gasolina, combustível fóssil e abundante dose de CO2. O PIB continuará como ídolo do crescimento atropelando os limites ecológicos e ambientais do país.
A violência urbana contará com a contrapartida de milhares de efetivos militares de todos os uniformes, armas e tanques, helicópteros e UPPs, garantindo os 50 mil assassinatos anuais. O incentivo aos carros particulares, implícito em todos os cardápios, com os milagres de excelência do pré-sal, transformarão as cidades em restaurantes a céu aberto cujos clientes esperarão horas na fila para o suculento banquete da competição consumista de status.
Os cozinheiros prometem receitas sem gordura, feijoada lait, coca zero, temperos com fines herbes importadas para uma vida saudável em spas hospitalares. Publicarão cartilhas de qualidade para aperfeiçoar o paladar da clientela, fundamental para concursos que acenam com salários de marajás políticos.
Alguém leu, viu ou ouviu desses cozinheiros em perspectiva proporem uma revolução na receita do tratamento dos esgotos urbanos e rurais? Na desocupação das margens dos rios? No reflorestamento de milhões de hectares que limpariam as águas que passam por milhares de cidades? Na captação de águas da chuva para evitar inundações urbanas? Na coleta integral e racional de lixo que infesta as águas superficiais e subterrâneas?
Como ficam, então, os clientes? Terão que forçosamente escolher um cozinheiro, mas não poderão fazer a comanda que desejam porque todos os restaurantes oferecem o mesmo prato insosso. O mais inseguro na escolha do cozinheiro é que ele pode mudar os temperos sem consultar o cliente e trocar os pratos do cardápio depois de feita a comanda.
O país precisa de cozinheiro que encha a barriga do cliente sem esvaziar-lhe a cabeça. Frei Betto disse que os que ocupam a cozinha há doze anos “Nutriram o bolso, não a consciência crítica”. O cozinheiro a comandar a cozinha em 2015, seguirá a mesma receita?

24.6.2014

segunda-feira, 2 de junho de 2014

ÁGUAS DE MAIO 2014



No mês de maio de 2014, a precipitação no Sítio das Neves medida pelo pluviômetro instalado pela Agência Nacional de Águas foi de 26,0mm (26 litros por m2 ) somando 18 milhões de litros de água no mês sobre a área de 700.000m2. O volume médio diário do mês foi de 0,86 mm por metro quadrado, menos de 01 mm (01 litro/dia), perfazendo um total de 600.000 mil litros de água/dia ou 600m3.
Houve duas chuvas no mês de maio nos dias 9 (15mm) e 27 (11mm). O volume total de água, no mês de maio, 2014, foi levemente maior do que a precipitação de maio de 2013 que foi de 25,3mm.

COMPARATIVO 2013/2014 (em mm) no Sítio das Neves
JANEIRO
2013
JANEIRO 2014
FEVEREIRO
2013
FEVEREIRO 2014
MARÇO 2013
MARÇO
2014
457,8
169,8
132,7
164,9
401,9
326,7

Abril 2013
Abril  2014
Maio 2013
Maio 2014


554,5
371,9
25,3
26,0



SEQUÊNCIA DE CHUVAS 2013/2014 (em mm)
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
3,1
42,3
179,55
304,44
311,6
169,8
164,9

Março
Abril
Maio
TOTAL
326,7
371,9
26,0
1.900,29
Memória de cálculo: 1.900,29mm X 700.000 m2  (área do Sítio)
No ano de 2013, O Sítio das Neves foi agraciado com mais chuvas (2.050mm) do que em 2014 (1.900,29mm).
De agosto 2013 até o fim de maio de 2014, o Sítio das Neves recebeu 1.330.140.000 litros de água (1.330.140m3) proporcionando eficiente recarga dos aquíferos graças à vegetação intensa regenerada e ao sistema de barragens de captação, contenção e retenção das águas em todas as vertentes e canais de esgotamento.

Nos próximos meses, o temor do fogo será um companheiro permanente e as ações de defesa do cerrado intensificadas.

É DA CULTURA DO BRASILEIRO

O analfabetismo crônico e o funcional de muitos brasileiros, a ignorância, a irresponsabilidade, o descuido e a displicência com que se comportam é comumente justificada com esta explicação: é da cultura do brasileiro. Mas parece-me maldade e inveja cordial. Lutamos hora e meia para debelar um incêndio na área de meu Sítio que é de preservação da biodiversidade vegetal e animal. As placas de atenção e orientação que coloquei na semana passada apenas estimularam algum idiota a pôr fogo no cerrado. Sei que há explicações científicas sobre o tema do fogo como agente do cerrado. Mas o fósforo que o acendeu, ontem, é criminoso e nada natural. Até hoje, quarenta anos de minha vida no Sítio das Neves, não houve nenhum incêndio natural. Foram todos sobrenaturais com eliminação de vasta biodiversidade e aumento da aridez. Convido aos defensores do fogo a visitar meu Sítio para observar a diferença entre o cerrado queimado e o cerrado em regeneração e repouso.