quinta-feira, 29 de abril de 2010

POEMAS CIRÚRGICOS

TESOURINHA

Encontrei
as tesourinhas
para cortar as unhas
dos ladrões
de Brasília.

BOCAS DE LOBO

Senhores garis
abram as bocas de lobo
para engolir
24 distritais.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Bonequinha do Cerrado

Posted by PicasaEsta flor, Bonequinha do Cerrado, desfila silenciosa entre as gramíneas e dá ao ambiente a tônica da poesia concreta.
Sítio das Neves, Distrito Federal

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Encantos do cerrado


Esta flor, de rara beleza, aparece nos meses de agosto a setembro. Se você a conhece, por favor informe o nome e a família a que pertence.
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quarta-feira, 21 de abril de 2010

CINQUENTENÁRIO DE BRASÍLIA


Nesses cinquenta anos, o Cerrado mudou de cara. O Planalto Central, atacado por invasores, se encheu de gente, de soja e de vacas. Um grotão virou Lago Paranoá com a contribuição modesta de humildes córregos. Os espaços se rasgaram e formaram um labirinto de difíceis caminhos. Submetendo-se à ousadia de traços surpreendentes, conduzidos por arquitetos e engenheiros, edifícios monumentais se levantaram soterrando caliandras, canelas-de-ema e pequizeiros.

Nesses cinquenta anos, o silêncio deste ermo se rompeu com o ruído de automóveis zunindo incansáveis aos ouvidos de pessoas e pássaros. Milhares de árvores tombaram, dezenas de nascentes de água secaram e sobre o chão arrasado pisam imigrantes expulsos de sua terra natal.

Nesses cinquenta anos, nasceu uma nova geração que levará para o centenário de Brasília um olhar diferente sobre o solo ocupado.

Nesses cinquenta anos, Brasília escondeu lágrimas, amores, descasos, uma longa ditadura, um presidente deposto e um governador preso. Abrigou foragidos da ética, homiziou a mentira política, assistiu ao abuso do poder e se alegrou com a força do candango esperançoso e submisso.

Nesses cinquenta anos, não mudou o alargado horizonte que dá ao Sol e à Lua a liberdade de passear sensualmente entre o nascente e o poente. Não mudou o céu estrelado sobre o azul profundo das noites frias, brindando espetáculo de luzes e insondáveis mensagens do além.

Nesses cinquenta anos, envelhecemos um pouco, enterramos amigos e garantimos aos bares nossa teimosa presença.

Nesses cinquenta anos, Brasília se deixou amar e, no amor, foi humilhantemente traída.

Nesses cinquenta anos, Brasília é e será.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

DESENHO NATURAL


O CERRADO, sofrido, queimado, forte, resistente, apresenta desenhos surpreendentes. Fascina-me passear entre essas milenares espécies. Somos passageiros, arrogantes e orgulhosos por alcançarmos 80 ou 90. Diante delas, dessa experiência de vida sobre a casca de um planeta, aprende-se a virtude da humildade.
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SABEDORIA, O QUE É?

Do fracassado voo de Ícaro, da confusa construção da Torre de Babel ao naufrágio do Titanic, a caminhada do homem está sempre confiante em sua astúcia de superar dificuldades por meio de artifícios tecnológicos. Mais recentemente, o mundo ouviu o grito: sim, nós podemos.
O homem fabricante − homo faber −orgulha-se e aplaude-se de ter vencido a força da gravidade e pousado na Lua. Ufana-se de voar a pontos distantes em poucas horas. Envia mensagens em segundos e mostra simultaneamente em todos os cantos do globo uma partida de futebol ou um desastre aéreo.
Sua engenhosidade parece ilimitada. O mesmo aço que produz a enxada e o trator serve para o fuzil ou o tanque de guerra. O urânio que assegura energia pode compor a bomba ameaçadora da paz e da vida no planeta.
O planeta Terra fornece um cardápio inesgotável de oportunidades à felicidade material: das águas dos rios represados às florestas que ocultam os segredos da natureza.
Da tecnologia à sabedoria, porém, há uma distância que inibe as conquistas do homo sapiens. Dos artefatos da destruição das cidades, culturas e civilizações ao armistício de convivência e paz, o caminho é longo e tortuoso. Fabricar aviões supersônicos e telefones celulares estimula mais o homo faber do que o homo sapiens na lenta construção de relações políticas e humanas. Passa-se mais orgulhosamente da matéria prima à utilidade mecânica do que da realidade concreta à imagem literária, artística e estética.
A arrogância racional, no entanto, se desfaz diante da força desconhecida do universo. A erupção de lava incandescente ejetada das profundezas do planeta paralisa e silencia o tumulto tecnológico da humanidade.
Incorrigível, o homo faber se sobrepõe ao homo sapiens. Confia irremediavelmente em que sua astucia tecnológica vencerá no momento oportuno. Não importa o crescimento da miséria de milhões de pessoas. Para elas há sobras, restos a pagar e migalhas a comer. Não importa o analfabetismo de milhões e sua ignorância crônica. A eles se reservam artefatos eletrônicos que só requerem o aperto de botões. Não importa que se esqueça ou se erre o botão. Haverá sempre um botão suplementar salvador e, em seguida, uma justificativa burocrática. Não importa o número de soterrados num deslizamento de montanha por negligencia administrativa. Haverá modernas retroescavadeiras e bombeiros heróicos para desenterrar cadáveres, enxugar lágrimas e propiciar um sepultamento digno.
Está longe ainda o ponto ômega em que o agir humano se sobreponha ao fazer utilitário garantindo a soberania do homo sapiens sobre o homo faber. Ou o desejado e utópico equilíbrio entre o fazer e o saber.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

MORROMOTOS

O Brasil está deitado eternamente em berço esplêndido sobre uma placa geológica firme, infensa aos movimentos tectônicos, dizem os sismólogos. Não sofremos com terremotos. O Brasil só tem morromotos. Nossos morros são frágeis e sensíveis, não aguentam maus tratos por muito tempo.
Contam-se mais de 250 deslizamentos de morros no Rio de Janeiro, em Niteroi, em Salvador, em Santa Catarina. Não bastassem os morromotos, a montanha de lixo, sobre a qual se instalou a nova classe média, veio abaixo. As pedras que sustentam o Cristo do Corcovado nunca foram consultadas e ameaçam desprender-se.
Nossas cidades, inclusive Brasília, estão superpovoadas. A população avança pelas clareiras ainda disponíveis. Incrusta-se nos morros, desloca pedras, abre fendas, desnuda o solo. Nem a natureza, nem os administradores têm capacidade para acomodar uma superpupulação nas bordas de uma cidade.
As medidas de contenção de encostas sugeridas por urbanistas são ditadas pela natureza. Chamam-se árvores. Elas foram sacrificadas em nome do progresso, do crescimento econômico, da ampliação do consumo. Os morromotos são fenômenos pós-modernos. Chegaram com os avanços da tecnologia, das estratégias empresariais, do planejamento estratégico e programas de aceleração do crescimento.
O superpovoamento desorienta as administrações municipais, estaduais e federais. Os acontecimentos de Niteroi, Rio de Janeiro e Bahia escancararam a imprevidência geral, a displicência da população e a negligência governamental na observância das leis que regem os comportamentos urbanos.
A cegueira política que afeta a visão dos administradores da coisa pública aponta os morromotos e as chuvas como culpados da tragédia humana. A coisa pública mais evidente é a natureza esplêndida que nos serve de berço e de túmulo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

PLANEJAMENTO SEM ECOLOGIA

Economia é a norma da casa. Define regras do jogo da sobrevivência na utilização das riquezas naturais. Quem dirige, quem faz o que, quando e para quem. Ecologia é o estudo da casa do qual se originam as normas. Antecede a economia. Que casa é esta. Onde está a casa, Que espaço tem. Quanta gente cabe nela. Como se movimentam seus moradores. Que espaços são comuns. Que lugares são individuais.
Olhe para sua cidade antes de se impressionar com o Rio de Janeiro, Niterói ou São Paulo. Do Rio Grande do Sul ao Amapá, ocupa-se a casa. Todos têm direito a ocupá-la. Se o rico a ocupa, por que não o pobre? A casa vai se enchendo. Chega mais gente. A sala está cheia. Os quartos repletos. A cozinha transborda. Na área de serviço instalaram-se beliches. Tomam-se as escadarias. Fazem-se puxadinhos. O lixo se amontoa em qualquer lugar. A água fica mais difícil. Ou falta ou alaga. A energia não aguenta. Um dia, a casa cai. Não foi construída para tanta gente.
Acusam-se os engenheiros de não terem previsto bases mais sólidas e colunas mais grossas. Os tubos de esgoto têm bitola muito estreita. O telhado, frágil demais para as chuvas de todos os verões. Os planejadores falharam. Chamam-se os bombeiros para acudir as periódicas emergências anunciadas. Limpam destroços. Desenterram mortos ou semivivos. Levam desabrigados a escolas e igrejas. Coletam-se donativos. A solidariedade emociona. Enterram-se os mortos deste ano. Os do ano passado já estão esquecidos.
As cidades são casas um pouco maiores. Derrubam-se árvores para construí-las. Traçam-se avenidas. Erguem-se equipamentos sociais, estádios, canchas para corrida de cavalos, autódromos, sambódromos, estacionamentos. Impermeabilizam-se as ruas com asfalto, se entopem de carros, transformam-se em rios sujos com qualquer chuva.
A população cresce e sai em busca de vida melhor, conforto, trabalho bem pago, casa boa, escola para os filhos, água encanada, energia para banho quente, geladeira e TV. Ninguém pergunta se na casa-cidade cabe tanta gente. O povo vai entrando no meio da mata, à beira da nascente ou do rio, no pântano. Sobe o morro, desloca pedras, fura o chão. Pede ruas asfaltadas ao vereador para passar o ônibus, compra energia, paga água e outros impostos. Reclama uma creche para deixar as crianças, enquanto vai atrás do leite dos meninos. Um dia a casa cai. E o culpado é quem deixou o povo entrar na casa pequena. Mas a casa é pequena mesmo. Não tem lugar para todos. E por que entraram? Porque deixaram entrar. Era muita gente. Todos têm direito de entrar. E agora perderam tudo. Morreu a família toda.
Tem gente demais em nossas casas. Não há lugar para todos. A casa vai cair. Os planejadores de cidades desenham ruas, o estilo das casas, a altura dos edifícios e se esquecem de medir o tamanho da casa natural, do ambiente, da capacidade de seus braços para receber a população adequada ao que ela pode dar. Esquecem da chuva num país onde a chuva é certa, abundante e anunciada. Onde estão os centros metereológicos? Que importância dão a eles os governantes? Que autoridade têm os diretores desses centros para propor medidas de prevenção? Prevenção foi confundida com emergência. Nossos governos são especialistas em emergências. Chegam depois do desastre com milhões de reais que não foram aplicados no momento devido.
A ecologia ficou de fora do planejamento das cidades e da cabeça dos governantes. Até Brasília, cidade nova, cresce sem se importar com a fragilidade ecológica de sua geografia.
Ecologia em primeiro lugar. É a base da felicidade da gente que vai morar ali. É o piso da segurança dos moradores que podem viver sem medo de ver a casa cair sobre suas cabeças..

terça-feira, 6 de abril de 2010

BISSETRIZ E HIPOTENUSA

Para Oscar N. e Ernesto S.

Sonhei com Bissetriz e Hipotenusa, irmãs balzaquianas, de beleza geométrica e singeleza aritmética. Soem desfilar pela Esplanada dos Ministérios e pela Praça dos Três Poderes, em Brasília. Livres, seminuas, esbeltas dividem os ângulos e os retângulos da cidade, do vértice à base, em duas partes opostas. Uma, de olhos apaixonados, entrega-se ao namoro, ao galanteio, às promessas infindas, aos sorrisos sedutores dessas vestais planaltinas. Outra, de olhos cobiçosos, acicatada pela concupiscência e luxúria mórbida, arma-lhes assédios nos planos ermos, submetendo-as à defloração sem mercê.
Bissetriz é expansiva. Harmoniza momentos internos e externos. Depois de uma breve ficação em noite de luar, à beira do Lago Paranoá, com o ministro Bissetor, entregou-se à liberdade. Alegou ao juiz que o pretensioso aliciador amancebara-se com um grupo de diedros escondidos nas angulações de viadutos e avenidas. Confiou à irmã que a solidão lhe produz inigualáveis prazeres de cama e mesa, em restaurantes finos ou em botecos da W-2.
Hipotenusa, de corpo sarado, espreguiça-se molemente entre os edifícios do setor bancário e nos bares escuros dos logradouros hoteleiros. Ao contrario de Bissetriz que é livre e desimpedida, amante volúvel das noites brasilienses, Hipotenusa é opiniática. Prefere reunir a elite dos Catetos, somá-los e dar-lhes o quadrado de tudo o que lhe oferecem. Hipotenusa é nostálgica. Relembra, em confabulações secretas, um misterioso Pitágoras que lhe teria apresentado a quadrilha dos Catetos.
Pode-se admirá-las passeando pela Esplanada dos Ministérios, despindo-se diante do Palácio do Planalto, sorrindo aos catetos do Congresso Nacional, jogando-se no espelho de água do Itamarati.
E ontem à noite, como Dante e Virgílio ao sair do Inferno, Paulo e eu levamos Bissetriz e Hipotenusa ao Parque da Cidade a ver estrelas,

domingo, 4 de abril de 2010

CRESCER

Esses fanáticos perseguidores do crescimento econômico nos chateiam com o insistente prazer de citar números. Citá-los e compará-los com os do mês, do trimestre, do ano passado, da década perdida, com este ou aquele governo, com este ou aquele país.
É o número de automóveis fabricados e vendidos, é o percentual do trimestre findo com o do que vem depois, em perspectiva. É o número do PIB que enfrenta a tragédia do zero. É a massa salarial da classe C e D, sem contar com o 0,67% de queda do dólar e os ganhos de 0,36% da Bolsa de Valores.
Números alarmantes de acidentes de carros sem relação alguma com as condições das estradas, muitas delas em ótimo estado. O fato é que passamos rápido demais da carroça para o automóvel. E os números chatíssimos da Dengue, do HIV, da gripe suína que, para poupar o porco, é chamada de H1N1, só parecem interessar aos cálculos aritméticos. Tornaram-se obrigatórios em todos os noticiários. Não alteram em quase nada a vida pública do país. Amanhã teremos mais números com acréscimo do percentual.
Para que a semente germine e cresça, o agricultor tem que levá-la ao chão, colocá-la no buraco escuro do solo e esperar o ciclo de maturação para colher os frutos e vendê-los. O que se viu em 2008 e 2009 foi o desconhecimento da lógica do crescimento. Assistiu-se à venda compulsiva de todos os frutos econômicos nos mercados financeiros do mundo antes de plantar a semente. E continuamos nessa farra de contar números e a encher bolhas pelo prazer infantil de as ver explodir.
O governo quer números e cada vez maiores. A prova disso é o Bolsa Família, o PAC1 e o PAC2. Os analistas econômicos morreriam de fome se não tivessem números no café da manhã e nos jantares das confederações de bancos, da indústria e do comércio.
O mais trágico e digno de piedade compreensiva é ouvir um desses fanáticos da geometria do crescimento, de terno e gravata, relatar, numa entrevista, a grandiosidade da opera A força do destino de G. Verdi, na Scala de Milão, pondo ênfase no preço de 1.000 euros para assisti-la do camarote. Podia ser uma apresentação de gala com a finalidade de arrecadar fundos para os 700 mil desabrigados de Porto Príncipe, no Haiti. O importante não foi a opera nem a força do destino dos haitianos. Foi a soma fabulosa que pagou pelo ingresso.

ESTRANHA LÓGICA

Em época de eleições, costuma-se pôr em números absolutos e em percentuais as intenções de voto dos eleitores inquiridos. Diga-se, de passagem, são as pesquisas que levam um candidato à vitória. Os eleitores se comportam como apostadores de corrida de cavalo. O que está na frente tem mais apostas.
Os analistas explicam os números da gangorra e descobrem maior ou menor vantagem de um e de outro corredor. Sabe-se, a cada mês, quem, eventualmente, está na frente, na corrida e com que velocidade avança ou porque um deles se atrasa. A escala vai de um a cem. A lógica da vitória é determinada pela vantagem de um sobre o outro. E quanto mais um deles sobe nas intenções de votos, menos chances tem de escalar a curva e alcançar a meta máxima possível. É a lógica dos inversos.
O Lula, atual presidente da República, por exemplo, tem poucas chances de subir nas apreciações dos cidadãos. A posição que alcançou é alta demais. A montanha se tornou íngreme demais para subir. E esta dificuldade é frustrante para ele e o deprime a ponto de praticar bravatas verborrágicas para distensionar os músculos. Ele sempre sonhou com o máximo nunca antes atingido neste país e está convencido de que, negociando, alcançará a glória.
A Dilma, que luta para se firmar nos 30%, tem um vasto caminho pela frente e ganha em vantagens de crescimento a seu concorrente José Serra. A senadora Marina Silva está diante de nove partes do bolo eleitoral e pode saboreá-lo devagar. É a mais felizarda na lógica das vantagens.
Os bilionários enfrentam trágicas dificuldades de se tornarem trilionários e facilmente se enfartam com tanta fome sagrada de ouro. Já o trabalhador de salário mínimo tem milhões de chances de entrar para a classe média e se tornar milionário. Uma das condições é eleger-se deputado distrital ou federal. E, assim, vamos num crescendo de vantagens ao examinar as chances de um mendigo, um miserável, os pobres do Bolsa Família. Eles têm tudo pela frente. A maior barreira para eles é chegar ao um, logo acima do zero.
Comentei essa lógica com o filósofo e pensador Pedro de Montemor. Somos escritores desconhecidos, apesar de nossas dezenas de obras publicadas. Quando alcançarmos a marca de um por cento dos dez milhões de leitores brasileiros, disse ele, conseguiremos essa que se chama probabilidade de crescer.
Sendo desconhecidos, temos a imensa e inigualável chance de sermos descobertos ainda neste século.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

OUTROS TEMPOS

Sou do tempo em que se ia ao grupo escolar a pé.
Em que se apanhava de vara.
Em que criança não falava à mesa.
Em que se escrevia carta para comunicar o falecimento de um familiar.
Em que se amarrava cachorro com linguiça.
Em que se vendia carne a preço de banana.
Em que o leiteiro e o padeiro entregavam leite e pão à porta da casa.
Em que se escutava o Repórter Esso à uma da tarde.
Em que, em noites frias, sentava-se ao redor do fogão a lenha.
Em que se usava jornal higiênico e o reservado era fora de casa.
Em 75 anos vi mudarem os costumes. Mudei eu e mudou o Natal.

Eugênio Giovenardi, escritor. Autor de Os filhos do Cardeal - o homem proibido -, Em nome do sangue, As pedras de Roma, Heliodora, Solitários no paraíso, O retorno das águas, A saga de um Sítio, entre outros.