domingo, 17 de maio de 2009

BILHETES AO GOVERNADOR

Bilhete 3, Poços profundos.
Governador, o senhor deve saber que o no Lago Sul e Lago Norte, como nos condomínios urbanos e rurais, há empresas irresponsáveis que vendem a perfuração de poços chamados artesianos. O esgotamento dos aquíferos afeta os manaciais, os córregos e o Lago Paranoá. O que fazem a Caesb e o Ibram? Visitem as empresas e peçam a planilha de abertura de poços. Há informações que existem mais de 10 mil do DF. Feche os poços ou cobre caro pela água que é de todos, pessoas, plantas e bichos.

BILHETES AO GOVERNADOR

Bilhete 2. Metrô e carro
Governador, o senhor está ampliando as linhas do metrô com bastante publicidade e poucos trens. Mas é uma obra importante. É para o povão. Para os ricos e amantes do automóvel se investem recursos demasiados. Se o mais rápido e ecológico é o metrô, por que tantos viadutos e pistas que estimulam o uso do carro e aumentam o aquecimento da cidade? É esse o compromisso com o futuro?

BILHETES AO GOVERNADOR

Em preparação à festa dos 50 anos de Brasília, escrevo estes bilhetes ao senhor Governador.

Bilhete 1. Viadutos e vias
Senhor Governador, o que está sendo realizado e a forma como se abrem novas pistas e se multiplicam viadutos na continuação do Eixão – EPGU e EPAR − constituem um crime ecológico licitado. Quem deve ser preso? O Governador, o DER-DF, os empreiteiros ou as máquinas? O senhor contou quantas árvores forma assassinadas?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

As pedras também choram

É desalentador ler no CB: "Rocha que atrapalhava obras vai pelos ares". Trata-se de um monumento natural de milhões de anos para o qual não há olhos, só há engenheiros e dinamites. A quem fez mal essa rocha hoje estraçalhada? Trezentos metros cúbicos de rocha voaram pelos ares. Podiam ter desviado a pedra e sobre ela erguer um belvedere e construir um ponto de descanso. Os cinquenta mil carros que passam diariamente por ali nada perderiam em fazer uma pequena curva e respeitar a beleza natural, a força firme da natureza. Como são idiotas os engenheiros, como são tapados os adoradores do carro, como são cegos os filhos do homem.
Sou filho da natureza, nasci em seu ventre, por isso a compreendo, a defendo e a amo.
Até quando os insensatos abusarão de nossa paciência.

terça-feira, 12 de maio de 2009

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E NOVELAS

A administração pública tem algo em comum com a técnica de elaboração de novelas. Precedidas por anúncios convincentes e frases de efeito publicitário, algumas cenas da novela em projeto são exibidas em forma relâmpago para apresentar os atores e atrizes que, no curso dos capítulos, se beijarão, trairão ou odiarão.
No dia fixado, o início da novela é feito com grande encenação e nem sempre gera interesse imediato ou compulsa a expectativa do telespectador. No dia seguinte, o IBOPE oferece ao autor da novela os índices de audiência e as primeiras impressões que indicam o rumo das expectativas de milhões de assistentes. Depois da primeira semana, as duplas já estabelecidas se veem cercadas por jovens sedutoras ou são vítimas de maldades imprevistas que imitam a vida real. O Ibope recolhe diariamente as opiniões e as tendências do telespectador para orientar o rumo dos comportamentos dos atores e a cabeça do autor da novela.
Quem casa com quem, quem se vinga de quem, quem sai de cena ou morre, quem é premiado com a bela esquecida e sofrida, quem rouba a quem, quem deve ser mau ou bom do princípio ao fim. As tendências tomam o lugar do plano original e difuso que o autor concebeu. Mas o autor sabe que o sucesso da novela depende do assistente que está ali todos os dias para cobrar o que ele deseja ver e desfrutar do desfecho a que está preparado.
Os administradores públicos, legisladores e funcionários imitam, na prática das decisões, o autor de novela. Precisam de bons pontos do Ibope e têm que acompanhar as tendências dos cidadãos, mesmo que estes exijam o abate de centenas de árvores para dar passagem ao carro sedutor. Os planos de governo não se guiam por eixos essenciais, mas por tendências que se tornam necessidades imediatas dos expectadores de sua atuação.
Esse método de projetar está expresso em artigo publicado no CB – O futuro de Brasília – pelo engenheiro eletricista José Roberto Arruda, atual governador do DF: “Depois da aprovação do Pdot, o desafio é criar os eixos de crescimento da cidade, onde o adensamento urbano é desejável. Enquanto trabalhávamos pela aprovação do Pdot, estávamos numa outra frente e, com financiamentos e assessoria do BID, preparando os projetos de engenharia para a definição e construção desses eixos. Eles são, basicamente, três, definidos por sistemas viários...”.
Educação, meio ambiente saudável, transporte simples e inteligente para a trama das relações humanas ainda não inspiram as tendências do cidadão e ainda não figuram como necessidades essenciais à vida e à convivência pacífica e criativa entre as pessoas. Por isso, não são prioridades de governos. São apenas figurantes transitórios. As novelas acabam e, as administrações, também.